Ao passear pelos blogs alheios, coisa comum é achar textos falando sobre saudade. Sempre fico pensando que eu acho que não sei o que é saudade, porque nunca tive vontade de escrever sobre isso. É claro que eu já perdi pessoas importantes nessa vida, mas acho que não tenho saudades doídas, dessas que nos fazem querer voltar no tempo. Na verdade, voltar no tempo é uma das coisas que, de fato, não me apetecem. E não é porque eu tenha encontrado uma alegria plena, que me faz sempre mais feliz que o dia anterior (deus me livre disso). Eu não sou de escancarar felicidade, vocês bem sabem disso. Sinto um aperto estranho aqui dentro, e pensei que pudesse ser saudade, porque é uma vontade de você há algum tempo atrás. É uma vontade daqueles olhos tagarelas, daquele desejo que contornava meu corpo, daquela taquicardia que o seu desejo me causava. Mas não é saudade, porque não dói. É uma lembrança docinha, até gostosa. Pensei estar brava com você, por ter mudado tanto. Pensei estar magoada com você, por não saber me manter achando que sou a oitava maravilha do mundo. Mas, não. Acho que hoje o que eu sinto é nada. Não posso confundir as coisas. Percebo agora que há algum tempo, venho tentando definir o indefinível, nomear o inominável, organizar meus sentimentos, etiquetá-los, perfumá-los e fazer deles minhas companhias. É assustador, mas talvez eu esteja avançando nisso. Não tenho vontade de gritar, não tenho vontade de lhe oferecer lágrimas ou sorrisos. Estou vazia. Sei disso porque está cabendo uma quantidade enorme de ar em meus pulmões, e isso não é usual. Pode parecer pra você, que os sentimentos não existem fisicamente, mas ele existe sim. Quem já sentiu dor de amor, bem sabe que a dor é no corpo, tão física quanto dor de dente. Então, agora não dói. E eu, que nem consigo olhar nos seus olhos hoje, te agradeço. Estou cheia de vazios. E os vazios são aquilo que eu tenho de mais legítimo. Não, eu não gosto de estar vazia, eu prefiro escorrer em letras sobre o meu amor, sobre o meu ódio, sobre o brilho dos seus olhos - que são o meu fetiche. Mas é o que temos pra hoje: vazios. E por isso eu te agradeço, porque você me faz mais eu mesma, mesmo quando me machuca.
Para ler ao som de http://www.youtube.com/watch?v=GJY8jJkDoMY