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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

poeminha besta que nem é poema

meu amor, como eu odeio te amar
amor meu, como eu amaria te odiar
meu amor, como eu queria que você explodisse
amor meu, como eu explodo de tanto querer
meu amor, eu enjoei da vida
amor meu, eu vivo enjoada
meu amor, você também enjoou de mim?
amor meu, você me ama sem fim?
meu amor, eu finjo que acredito que você me ama
amor meu, no fundo eu sei que você só suporta meu drama
nem eu e nem você acreditamos no amor
nem você e nem eu amamos pra acreditar
meu amor, eu nem sei se você é meu amor
amor meu, se é amor certamente não é meu
meu amor, eu estou ficando maluca
amor meu, eu sei que você sempre soube que não bato bem da cuca

domingo, 17 de novembro de 2013

eu que não fumo



eu que não fumo perdi um cigarro

porque só perco o que não tenho

a vida é essa eterna sensação de ter perdido aquilo que eu nunca tive

eu nunca te tive

e por isso vivo te perdendo

ah, que saudades de quando você era uma parte minha

ah, que saudades de quando eu acreditava que você tinha sido uma parte minha

ah, que saudades de ter saudades

as minhas fantasias já não me cabem mais

fui eu que engordei / ou as fantasias que encolheram?


domingo, 8 de setembro de 2013

Eca.

Eu, que sempre fui começo, hoje só sei ser fim. Os finais não param de me acontecer.
O mundo tem tons de morte e a minha existência está cinza.
O que me assusta é que essa morte anunciada diz de mim muito mais do que todas as vidas que já vivi.
Eu, que sempre pensei que fosse feita de começos, descobri que é de finais que me construo.
Eu, que sempre pensei ser amor, hoje me sei puro desamor.
Forjo acreditar num mundo cor-de-rosa porque a minha vida incolor só é visível pra mim. 
Sei que esse drama é nauseante, mas saibam que o é pra mim também.
Pior do que ler dramas alheios é viver dramas alheios na própria pele. 
Os meus exageros me dão náuseas. Que vocês me leiam me dá náuseas. 
Eu vomitaria essas palavras, se eu pudesse. A verdade é que só não faço isso porque tenho nojo. Escrever me parece mais higiênico do que vomitar. (Embora não seja - vomitar é muito mais digno).  
Escrever é passar lustra-móveis no próprio vômito. 
Escrever é forjar uma elegância com o que há de mais podre em mim.
Sou boa em forjar, não para os outros, para mim. Ninguém me engana tão bem quanto eu mesma.
Sou ótima bebedora de vinho como pessoa que escreve.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Das coisas que não sei dizer

Saia daqui!
(E então você sai de dentro de mim.)

Sério, eu preciso me ser. Me deixa ser só eu mesma.

Sério, não acredite naquilo que lhe peço.

Chega, já sei que voce me acha louca. Não pretendo que me ache sã. Só quero que me suporte.

Sei que você me ama. Bom, eu sei que me amou. Não sei se você ainda suporta me amar. Você que se vire e dê um jeito de me suportar.

Quero que vc me ame e quero que faça com que eu te ame sem que eu deixe de ser eu mesma.

Quero ser eu mesma te amando e quero ser eu mesma mesmo sem te amar.

Te peço apenas o impossível.

Porque o "eu mesma" não existe, construo-o a cada respiração.

Porque o "vc" não existe em lugar algum além dos meus poros.

Deus, faz com que a minha fantasia vire realidade. (Mas não toda ela)

Deus, faz com que ele decifre os meus pensamentos. (Mas não todos)

Deus, faz com que o meu corpo tome forma. (Mas uma pequena forma)

Quero alguém que me livre das minhas exigências. (Mas não só porque eu tô pedindo)

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Blá blá blá nada a dizer

Sou eu mesma desde que me conheço por gente e ainda não me acostumei comigo.
Mas sei que sem mim as coisas me seriam muito mais difíceis.
É estranho ser uma multidão em apenas um corpo.
É claustrofóbico não poder sair do meu corpo com o tanto de gente que tem aqui.
Preciso me focar nas minhas janelas, que são os buracos do meu corpo.
Me apoio no olhar e de repente já não sei mais o que vi.
Me concentro na minha audição, no meu paladar, nos meus sentidos - que de particípio só têm a conjugação...!
Sou puro gerúndio.
O presente do indicativo é carinho na minh´alma.
O imperativo me excita.
O pretérito só sabe lembrar das minhas imperfeições.
O futuro tem a audácia de me voltar ao pretérito.
Malditos tempos.
Desde que conheço o relógio só sei odiá-lo sem poder deixá-lo.
Desde que conheço o espelho só sei amá-lo sem querer a minha imagem.
Queria um pedaço de espelho que fosse comestível.
Queria comer-me.
Narcisismo.
Autofagia.
Sumi.

(UFA)

terça-feira, 28 de maio de 2013

Cacos de chocolate com batatas

Palavras são cacos de vidro. Não posso engolir. Posso, mas me machuco. Posso me machucar, mas não quero.
Palavras são cacos de vidro. Não quero engolir. Prefiro cuspi-las em você.


Palavras são de chocolate  Não posso engolir. Posso, mas acabariam muito rápido. Por que acabar logo, se posso derretê-las na boca.
Palavras são tabletes de chocolate. Não quero engolir. Prefiro que se aqueçam até derreter em minha boca.

Portanto, se quiseres dizer-me palavras-cacos-de-vidro, prepare-se para ter a sua alma arranhada por elas.

Portanto, se quiseres dizer-me palavras-tabletes-de-chocolate, dá-me direto na boca.

Cheguei a um ponto da vida em que prefiro beijos a palavras. DR's não nos levam a lugar nenhum, exceto onde já estivemos.

(Cheguei a um ponto da vida onde não me importo em postar textos ruins.)

Me deixa existir na minha dor,
minha incompletude sangra.
Eu adoro sangue, desde a cor até o gosto.
É agridoce.
Gosto de sangue desde criança.
Qual criança não gosta?
Crianças-vampiros.
Adultos-vampiros.
Vampiros-vampiros.
Tu piras. Eu piro.
Purê de batatas.
Pirei.


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Hello, stranger!


Me sinto estranha quando me estranho. Me sinto normal quando me sinto estranha. Isso é estranho. Mas já me acostumei a ser estranha, o que faz com que me sentir assim seja normal. Às vezes me lembro que me sinto estranha, então me amo, porque eu não gosto de ser gente normal, podre como a maioria. Gosto de ser podre do meu jeito. Mas isso é mentira, porque eu nem me sinto podre. Me sinto é bem limpinha por dentro. Acho que me acostumei a olhar pras minhas obscuridades, e elas já não me assustam mais. Minhas belezas não são mais belas, minhas podridões não são mais podres. Nada do que eu era continuo sendo, mas mesmo assim não deixei de me ser. Me gosto mais agora do que me gostava há 5 minutos. Ando numa paz escandalosa, isso tem começado a me assustar. É como se a vida estivesse prestes a puxar o meu tapete, e eu estivesse dançando em cima dele me esforçando pra fingir que não percebo. Não quero pisar no chão, o tapete é voador. Não quero mais falar disso. Senão a vida percebe que eu to percebendo ela me olhar, e puxa o tapete só de sacanagem.

domingo, 14 de abril de 2013

Das coisas que só sei que existem porque são doídas.

Meu corpo é tecido de dias e bordado de noites.
Meus quereres são invernos disfarçados de verão.
Meus ouvidos pedem silêncio, meus olhos flertam com o escuro.
E fico achando que sou moça alegre.

O riso é meu disfarce.
A tranquilidade é minha roupa.
A resignação é meu acessório.
A paz é minha maquiagem.

Mas não me tire o riso,
não me tire o amor,
não me tire a maquiagem e nem a fome.
De vez em quando apenas me chame pelo nome.

Não posso esquecer de lembrar que não sei quem sou.

domingo, 31 de março de 2013

Vem aqui e me deixa

Tudo é sempre pouco pra mim.

E não é porque "sou intensa", "sou bipolar" ou sou qualquer coisa assim.

É porque sou geminiana. (MENTIRA!)

(Sim, eu sou gemininiana, mas isso nada tem a ver, eu acho).

É que eu vivo me enganando.

Minto pra mim mesma que o que eu quero pode ser nomeado.

Finjo que acredito que é possível me satisfazer.

Acredito nas minhas mentiras.

Me satisfaço.

Me sinto completa.

Me canso de mentir pra mim.

Me canso de me ser.

Tento des-ser.

Não posso.

Só sei me ser.

Estou presa a mim.

Socorro, alguém me salve de mim!

Não, você não. Hum, você também não. Moço, sai daqui! Menina, você é estranha, se afaste.

Não permito que as pessoas se aproximem.

É sempre preciso manter uma certa distâncias das pessoas.

Vai que alguém consegue me salvar de mim mesma, mesmo?

Não posso correr o risco. Me deixem!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Hoje me sinto como uma lasanha.

Tenho teorizado muito e sentido pouco.
Sinto medo de sentir, então tento não sentir. 
E não sentindo que sinto, não sinto medo.
Não sinto, logo minto.
Mas minto tão mal e porcamente que nem eu mesma acredito nas historinhas que teço pra poder achar que vivo bem.
Sou péssima ar-tesã. (Significa!)
Não sei fazer nada que exija delicadeza em demasia. E não é porque me falte coordenação motora, mas porque me falta paciência. Sou impaciente com delicadezas, e paradoxalmente me acho extremamente delicada. Agora fiquei em dúvida se sou eu ou se são os outros que me acham delicada. 
Vivo me confundindo com o que as pessoas dizem que eu sou. Às vezes me descubro no olhar do outro, às vezes inauguro um novo pedaço de mim com uma palavra alheia. E essa mania de me confundir com o que dizem que eu sou, é que me faz ser eu. 
Sinto que eu não seria eu mesma, se fosse só eu, então sou muitas. Tento ser não tantas, pra não parecer muito louca ou incoerente, mas quanto mais fujo de mim mais me encontro comigo. É como se eu estivesse num labirinto de paredes de mim mesma. Todos os caminhos me levam a mim. 
Eu sou tipo lasanha, que eu amo, mas que cansa só ter isso todos os dias.
É por isso que preciso de vc, pra descansar de mim. 

(É isso ou só me resta fugir do meu corpo).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Foda-se

Não sei o que fazer, por isso amo.
Amo,e  por isso não sei o que fazer.

Sei lá qual das duas afirmativas é mais verdadeira, mas sei que nenhuma delas é falsa.

Sei que viver é um treco estranho. Acho que estar morta me é mais familiar do que estar viva, ainda que eu não me lembre de ter estado morta alguma vez. (Não que eu não tenha estado, já estive morta inclusive em vida, mas eu faço um papel de morta tão bom que não me lembro depois como é.) Me sinto esquisita quando me percebo viva. Minha corrente sanguínea me faz sentir cócegas, minha pele me faz sentir claustrofóbica, minhas curvas me fazem sentir feminina. Sim, é estranho viver num corpo feminino. Ter um corpo já é estranho, ter um corpo com curvas, buracos (celulite, gente) e sangue é ainda mais estranho.

Amar também não pode ser natural. Não é possível que sentir essa urgência de fazer um com você, seja o que se espera de um ser humano. Não é possível que toda a humanidade sinta esse desespero que começa a latejar no peito e se alastra pelo corpo todo, na sua forma mais silenciosa. Porque quando as coisas gritam eu fico bem. Olha só, não sou eu, é fulano que está fazendo escândalo, tá vendo? E todos estão mesmo vendo. Mas as minhas crises existenciais fizeram curso de etiqueta. São silenciosas e só andam de salto alto. Saia na altura dos joelhos. Sorriso sem mostrar os dentes. Minhas crises existenciais são muito ladies.

Chega. Não sei mais o que dizer de mim. Cada dia que passa, um pedaço meu menor cabe na minha língua. Já não suporto a insuficiência da linguagem, já não suporto a falência do amor, já não suporto que eu não seja o suficiente pra mim.

Foda-se.

A coisa mais linda que aprendi nesse mundo.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Movimento,

Estou linda, tranquila, feliz.
Tenho vontade de berrar, correr, me desintegrar.
Desejo que você recolha meus cacos, me monte de novo, ainda mais linda do que eu me sentia antes.


Estou linda, tranquila, feliz.
Tenho vontade de berrar, correr, me desintegrar.
Desejo que você recolha meus cacos, me monte de novo, ainda mais linda do que eu me sentia antes.


Estou linda, tranquila, feliz.
Tenho vontade de berrar, correr, me desintegrar.
Desejo que você recolha meus cacos, me monte de novo, ainda mais linda do que eu me sentia antes.


Estou linda, tranquila, feliz.
Tenho vontade de berrar, correr, me desintegrar.
Desejo que você recolha meus cacos, me monte de novo, ainda mais linda do que eu me sentia antes.

Again.
De novo.
E novamente.

Parece um surto.
Parece uma esquizofrenia.

Mas é apenas o meu movimento feminino interior.
(Amar as curvas que você pode ver no meu corpo é fácil, difícil é amar as curvas da minha alma)

E tudo isso acontece infinitas vezes antes que eu lhe dirija uma palavra.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Blá-blá-blá...blé

E por um instante a coisa tá tão bonita que tenho medo de escrever e estragar tudo.
Vivo dizendo aqui que escrever tem consequências graves. Se invento algo, aquilo passa a fazer parte de mim, embora tenha sido de mim que saiu. Porque escrever é um pouco como dar vida às minhas partes mortas. E a coisa tá tão gostosinha aqui dentro de mim, que sei que faço uma loucura ao escrever agora. Talvez eu esteja mentindo, parcialmente, talvez se a coisa estivesse mesmo tão gostosinha dentro de mim, eu não me atrevesse a escrever. Que se dane, aqui estão as minhas letras. De mim para mim, com vocês como testemunhas. Não posso continuar, ou acabarei com a magia que aqui está morando. Acovardei-me. As minhas neuroses sempre vencem a minha escrita. As minhas neuroses são a coluna vertebral até mesmo do meu amor. Sim, o amor é podre, por isso tento floreá-lo tanto. Se soubéssemos o quanto o amor nos humaniza (e ser humano é asqueroso) não acharíamos que o amor é lindo e por isso salva ou coisa assim. O amor só nos fode. E enquanto fode, salva. É como morder e assoprar ao mesmo tempo. Vivo um estado de plenitude. Tá uma delícia me ser. E porque a coisa está tão gostosinha assim, estou esperando o próximo golpe da vida. O perigo de estar muito feliz é saber que a infelicidade está nos vigiando. Não é possível ser muito mais feliz do que já estou. Já sinto a vida puxando o meu tapete, e começo a sapatear sobre ele, aparentemente sem motivo e sem saber sapatear. Tudo está tão bonito que estou certa de que se eu me mexer vou estragar tudo. Estou tentando me manter paralisada para que esse instante não acabe. Mal respiro, a fim de impedir o tempo de passar pelo meu corpo. É por isso que escrevo sem dizer. Na tentativa de andar sem sair do lugar. É como andar na esteira. Me movimento, me movimento, mas é de mentirinha, só que é de verdade ao mesmo tempo. Me fodi porque escrevi, porque quando escrevo, me movimento, e quando me movimento, estrago. Penso agora em deletar o texto, mas ele já está escrito em mim. E não só a palavra dita, mas a palavra digitada também não permite que voltemos atrás. O pensamento pensado também não. Não consigo parar de escrever. Tenho medo de que o mundo pare se eu parar de escrever. Sim, às vezes me sinto responsável pelo mundo. É um pouco como eram as minhas rezas quando criança. É um pouco como são ainda as minhas (raríssimas) rezas. Deus, por favor,quero isso, ajude aquilo, mas que seja feita a vossa vontade. Mundo, seja do meu jeito, mas que o que tiver que acontecer aconteça. Fulano, me ame do jeito que quero ser amada, mas que não seja só porque eu quero. Ah, enjoei de mim, quanta futilidade.