Dizem que o amor é de graça.
Pois que saibam, as pessoas que eu amo, que o meu amor é caríssimo. Talvez não tanto para elas, mas para mim, é.
Porque o amor é apenas um nome que eu dou para uma angústia avassaladora. Sim, amor é angústia.
Como poderia ser leve a sensação de dar um pedaço de si nas mãos do outro, sem a possibilidade de ajudá-lo a cuidar?
Amor é se tornar uma massa de modelar nas mãos de uma criança que ainda não tem a coordenação motora fina desenvolvida. Você pede que ela te modele bem bonita, e ela te modela bem bonita. Mas aí o bem bonita dela, é completamente diferente do que você esperava. Cheio de imperfeições, ângulos mal desenhados, e sobra de você muito menos na tal modelagem, e bem mais em pedaços. Em pedaços pelo tapete, pelas paredes, pelos calçados.
Amor é se tornar, em seguida, a mãe que ajuda a criança a limpar a casa, infestada de pedaços coloridos. Amor é pegar pedaço por pedaço de massinha, e fazer uma bola, que no fim, fica cheia de sujeiras, pêlos do tapete e fios de cabelo. Amor é achar aquela meleca, uma obra-de-arte! Gostar de lembrar de cada pedacinho de história, de cada palavra mal-dita, de cada olhar bem olhado, de cada carinho desajeitado, de cada centímetro de pele conquistado.
Aquele que ama, sabe que há tantos tipos de amor, quanto há pessoas no mundo. A gente usa a mesma palavra pra dizer que aquela pessoa tornou-se incontrolavelmente importante pra gente. Cada uma de um jeito.
Então é assim. Eu amo cada pessoa de um jeito diferente. E são todos amores caríssimos. Porque amo com o corpo, com cad mitocôndria. Porque amo com a alma, com cada parte do espírito. E se não for assim, de que jeito dá pra amar?
Amar me dói. Amar me consome. Amar me dilata. Amar, só não me mata.
(Percebo claramente que escrever sobre o amor é meu tema favorito. E quando leio o que eu escrevi, acho que pareço uma criança de sete anos escrevendo redação pra escola. Acho que é porque todo aquele que ama se coloca numa posição infantil. Não há amor adulto.)