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quinta-feira, 30 de junho de 2011

A você todo o meu amor - e a minha insatisfação de brinde




Amor, meu. É o seguinte: a sua falta de palavras me irrita. Muito. Sim, eu sei que a gente funciona diferente. Enquanto eu pego as coisas no ar, você mal respira. Eu tuíto, vejo jornal e leio um texto técnico ao mesmo tempo. Você mal pode mascar chicletes e atravessar a rua sem morrer. Eu trabalho em diferentes coisas no mesmo dia. Você se dedica da forma mais digna a uma coisa de cada vez. É lindo o seu jeito de funcionar...até que ele não me envolva as minhas demandas insistentes de amor.

Mas daí você assiste o jornal ou o jogo de futebol e eu deixo de existir. Mas daí você dirige e não grava o que eu digo. Mas daí eu nunca sei quando é que você presta atenção em mim e quando é que você está só de corpo me ouvindo. Tá, isso é mentira. Eu sei quando é que você me ouve ou não, quando é que me olha ou não, quando é que  grava o que eu digo  ou não. Acontece que daí EU é que tenho que fingir que está tudo bem quando você me sorri amarelo. Porque senão eu te mato. Sim, meu bem. Eu te mato. (Vou ser sincera...escrevi "amo" e apaguei. É, confundi amo com mato).

Porque do amor pra morte, é um passo. (Apesar de que mato mais me lembra grama mal cuidada do que morte...) Pode parecer muito maluco isso pra você, que é uma pessoa que se veste de racional. Mas eu não me visto de sentidos. Me visto de sentires. Beiro à loucura à medida que te amo. Mato a minha pouca racionalidade à medida que te amo. E sim, "amor" e "a morte" são coisas próximas.

Aliás, é bem por isso que a sua falta de palavras me irrita. A morte, pra mim, é exatamente isso: racionamento de palavras. É, eu sei que você leria, se já não leu toda uma Bílbia. Eu sei que você lê todos os meus textos, leu todos os escritos de Saramago e de Alester Crowley. Sei que leria toda a obra de Freud ou de James Joyce. Mas você não internaliza as suas leituras. Digo, você não se apropria das palavras. Ou, não me presenteia com elas. Você não me diz mais do que uma frase.

(Pare de se defender.) Sim, eu sei que as suas ações me mostram que você me ama. Eu sei que você age, pensa e vive de forma a não me fazer duvidar do seu amor. Mas sinto muito, bebê. Eu sou mulher. Eu quero o impossível. Quero que você me recite toda a obra de Shakespeare, no mínimo. Porque a minha alma se alimenta de palavras. Você satisfaz o meu corpo, facilmente. Mas a minha alma é tão carente...

(E faço uma ressalva antes que eu te desencadeie uma crise existencial...não entenda como uma crítica à sua pessoa real. Mas como um desabafo da minha insatisfação de estimação).


Da toda sua Não-Toda.

domingo, 26 de junho de 2011

Meu príncipe-bandido




Sabe como é, né. Eu sou mulher, menina, sabe-se lá o que....mas é fato que sou do sexo feminino. E assim, consequentemente, tenho como o sonho da minha vida – mesmo que seja numa parte minha que tento ignorar – encontrar o meu príncipe encantado. É, não exatamente alguém que venha num cavalo branco, todo impecável. Mas alguém que faça de tudo pela minha felicidade, que me ame - no mínimo - o dobro que eu amo, que arrisque a vida por mim, que me entenda, que acabe com as minhas ânsias e angústias.

Mas vou confessar...isso é uma puta mentira que as mulheres contam para si mesmas. Mulher nenhuma quer um príncipe encantado, eu muito menos. Mas um bandido, também seria dose. Gente desonesta é brochante. Gente que se acha, aterrorizante. Aquele que passa a perna em todo mundo, uma hora cai, e eu não quero cair junto. E nem posso gostar de alguém assim.

O bom mesmo é você. Pessoinha mais humana desse mundo. O príncipe mais bandido que pode haver.

Gosto de você porque você me vê. Me acha linda e me deixa saber disso. Mas gosto de você, também, porque as vezes eu lhe sou transparente. Passo, e você não percebe. Tento chamar a sua atenção e não tenho sucesso. Você me faz duvidar da minha existência e olhar de forma crítica pro meu próprio umbigo, ao invés de me perder no meu narcisismo.

Gosto de você porque você é ousado. Tem sonhos, e olha que absurdo – acredita que é possível torná-los realidade! Já eu, com meu "q" de pessimista (que eu chamo elegantemente de realismo, mas pouco tem de realeza), com minha tendência ao conformismo, mais vivo das minhas fantasias .(Puxa, os sonhos realizados perdem quase toda a sua beleza!)

Gosto de você porque você me deixa em dúvida. Ora parece querer passar toda a vida ao meu lado, ora parece que na próxima saída pra comprar cigarro, jamais voltará a me dar o ar da graça. E isso me deixa irritada e apaixonada.

Gosto de você porque não sei como te agradar. Não, não se trata apenas de sexo, como dizem dos homens, e como você mesmo brinca. O buraco é muito mais embaixo, num lugar que eu não conheço. Você exige de mim algo que eu não posso lhe dar, porque eu nem sei se existe. Mas é algo que eu quero lhe dar, ainda que isso não exista em mim – ainda. É, você me faz prometer absurdos, pra mim mesma.

Gosto de você porque você não lida comigo, mas com uma parte obscura de mim. O meu “eu” sabe muito bem o que fazer – tem sempre uma boa resposta na ponta da língua - sou bem afiada em discussões, quando quero. Mas não é com esse tal de “eu” que você lida. E eu sequer sei dar nome pra essa parte de mim que você faz doer.

Sim, você faz doer. Porque o amor é uma dor boa. Chamo de dor por não saber dar outro nome. É assim... Imagine que você não tem só dez dedos na mão, mas sessenta. Só que você só vê dez, só mexe dez. Pois é isso, eu te amo com os meus cinqüenta dedos que não vejo. É, eu te amo mesmo com os dedos. Com as pontas dos dedos. Num lugar onde o tato é coisa afiada. Num lugar onde eu sinto muito. Num lugar onde as impressões (bem além das digitais) moram. Num lugar onde as minhas marcas são únicas.

E eu gosto de você porque você me faz crescer. Me convoca a mudanças, chacoalha minha alma.

E gosto de você porque pelos teus olhos vejo pura inquietação. Da mais bonita. Vejo um ser que beira à loucura e é impedido de ceder a ela por sabe-se-lá-que-motivo. Gosto de você porque vejo uma coragem bonita, enfeitada com obsessões e medos.

Eu gosto de você por tantas coisas... Mas gosto, principalmente por outras tantas coisas que não sei.

sábado, 25 de junho de 2011

Não sei a língua do silêncio




A vida passa, a gente fica. Quanto mais passado, mais passados. Fazemos perguntas, silêncios respondem. É incompreensível, não sei a língua do silêncio. Não conheço a língua do universo. Eu só sei quando a coisa está pronta e desenhada na minha frente. Desdenhada na minha frente. Eu só entendo o óbvio ululante. Humanos tendem a ser surdos, cegos e mudos. Quanto mais biologicamente perfeito, mais incompleta é a alma da pessoa. Ai, de mim, que tenho os meus cinco sentidos perfeitos e que sei me servir tão pouco deles. Ai, de mim, que carrego um corpo nesse mundo, sem saber por que. Esse corpo me dá prazer, é verdade, os prazeres da carne são deliciosos e tentadores. Mas esse corpo é a minha jaula. É ele quem me põe em contato com o mundo, mas que me limita, ao mesmo tempo. Onde é que o meu corpo acaba e a jaula começa? O que há além do universo? Quem é que brinca de ser Deus? Por que há canções que nos entortam a alma? Cadê as notas musicais, que não consigo ver? Tenho tantas perguntas a fazer e não encontro a quem... a maior parte das pessoas nem escuta as suas próprias perguntas. E não apenas porque pensar dá trabalho. Mas é que perguntas sem respostas nos dóem, arranham o contorno do mundo, borram a existência e nos fazem lembrar que o universo pode até ser colorido, mas nós só o vemos em preto e branco. Perguntar é cantar a existência.


sexta-feira, 24 de junho de 2011

A realidade tem gosto de café frio



Deixe-me sair
Não, você não pode
Pois eu devo ficar
A vida me enlouquece
Quanto mais sentidos eu procuro
Mais encontro chances deles existirem

E isso é desastroso
Porque é bem mais bonito se conformar com a falta de sentido
Porque é bem mais legal acreditar que a vida é bela e que o amor salva
Bando de mentiras...
A vida é feia
Acreditamos em promessas de felicidade e de honestidade
Só ganhamos realidade
Mesmo os sonhos que se realizam
Se tornam cinzas
A realidade tem gosto de café frio
E o sonho realizado também
Veja, o objetivo da minha vida
É deixar tudo com gosto de café frio
E de algum modo encontrar beleza nisso
O tempo não pára pra eu pensar
E eu não paro pra viver
Acontece tudo junto, todas as coisas se mesclam
Onde é que acaba a vida e começa a morte?
Onde é que acaba o eu e começa você?
Onde é que acaba o meu corpo e começa a minh'alma?
Onde é que acaba o sonho e a realidade inicia?
Onde é que acaba a minha visão?

O horizonte não é uma linha, bonita como os desenhos nos quadros mostram
O horizonte é um corte. Um rasgo no meu alcance.
Uma impossibilidade.
De ver um pouco mais.
Assim como é a morte. Uma impossibilidade de ver um pouco mais.
Assim como é o amor. Uma impossibilidade de ver um pouco mais.
Assim como é o sol.
Assim como são as palavras. 
Porque tudo o que existe faz limite. O mundo só sabe me podar.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Febril, sei lá onde


O meu corpo perdeu o contorno. O meu coração pulsou mesclado com todas as minhas vísceras. Eu duvidei da existência, da vida e de mim. Eu tive a nítida sensação de que aquela sensação terrível de estar totalmente deslocada do meu corpo jamais poderia passar. E eu nem podia escrever sobre isso. E eu nem podia me mexer direito. E muito menos pensar. Eu não pensava, os pensamentos é que me pensavam. E me pesavam. E eu pensei que ia morrer.


(Esse é o relato da minha pessoa com o corpo em estado febril. Uma dessas gripes que a gente pega quando sei-lá-o-que-acontece. E eu, que odeio tomar remédio, prefiro curtir a febre.)


Mas podia ser em qualquer momento, em qualquer hora. Foi no momento eu delirava, mas podia ser agora. Sim, eu sou bem dramática. Acontece que eu finjo muito bem a indiferença. Faço cara de paisagem como ninguém, e respondo que estou super bem de modo bem convincente. Mas o fato é que dentro de mim, faço avalanches em copo d’água e não sei fazer nada a conta gotas. Tudo é despejo. Um centésimo de segundo pode durar pra mim 55 vidas inteiras. Uma simples sensação me desencadeia crises existenciais inteiras. Sonho enlouquecidamente. Tenho 4 ou 5 sonhos por noite, aos quais me esqueço ao longo do dia, mas vou tentando interpretá-los para poder mantê-los em minha memória. Assim tenho insights. Com que freqüência? O tempo todo. Os meus pensamentos transbordam a minha alma. A minha alma transborda ao meu corpo. E a minha vida interna é extremamente intensa. Acontece que eu sou egoísta e não deixo transparecer. Ou que tenho um mínimo de compaixão com as pessoas à minha volta e tento não enloquecê-las. Até porque, pelos que estão ao meu redor, eu tenho amor. E quero poupá-los de mim. De resto, o mundo não me importa. De resto, as pessoas só me entortam. É. A vida é uma merda. Mas eu gosto dela.


segunda-feira, 20 de junho de 2011

É de surpresinhas que se faz uma vida



Segunda-feira. Dia chatíssimo. Porque mesmo quando tem feriado na semana, ainda assim a segunda-feira continua se chamando segunda-feira. E vocês sabem, né?! O nome das coisas é muito importante. Quem nunca encrencou com uma Ana, com uma Daniele, ou sei lá que nome,  só por que é o nome da ex do seu atual? Quem nunca fez cara feia pra uma comida de nome estranho? Pois é. Segunda-feira é sempre segunda-feira, mesmo que a semana útil dure apenas três dias.

Daí acontece que chegando na segunda parte da minha jornada (é, gente, eu tenho 3 empregos), o porteiro do lugar me entrega uma encomenda do sedex. Só por aí eu já fico insanamente feliz, porque conta nenhuma chega por sedex. Se não é conta pra pagar, é coisa boa! De repente, leio na caixinha: Ayanne Sobral. Uau! Começo a despir a caixinha de seus adesivos e fitas colantes loucamente, empolgadíssima. Aí é claro que todas as fitinhas demoram muito a sair, só pra me irritar. E quando consigo abrir, finalmente, me deparo com duas belezuras de chaveiros e um artesanato-coisa-linda-de-morrer daquele que foi feito sob medida pra mim! Sob medida pro consultório! E pra acabar com o meu coração, que já se derrete todo, por essa moça, ainda tem uma cartinha dela, com a letrinha dela, e palavras pra mim! Lindo! Muito fofo isso.

Acontece que a Ayanne é uma pessoa dessas que eu gosto assim, sem motivo. E eu acho que esse é o gostar mais sincero. Mentira minha. Eu gosto dela sem motivo, sim. Mas também porque ela vive dizendo que é minha fã, e isso me faz uma puta massagem boa no ego. O fato é que ela tem uma blog lindo e maravilhoso (visitem!)  e escreve super bem. Gente, ela é adolescente. Tem 19 anos, mas a alma dela tem mais idade do que 90% das mulheres desse mundo. Frescor jovial de moça corajosa, brilho de gente que apesar de desacreditar na humanidade, insiste em encontrar um motivo pra fazer a vida ficar bonita. Tem uma destreza invejável com as palavras e uma alma corajosa e grande. Ela mora em Pernambuco, eu moro no Paraná,  mas daqui consigo enxergar a alma dela. Juro.

Não sei mais o que dizer. Só quero te agradecer, Ayanne, por me ler, por escrever, por existir, por colorir a minha segunda-feira. Que a vida te dê as coisas mais gostosas e frescas desse mundo. E que você tenha sempre bastante juízo pra cuidar da sua vida. Mas que tenha, principalmente, bastante folga do superego, pra poder aproveitar as coisas boas dessa vida.

domingo, 19 de junho de 2011

A dor da escrita


Escrever tem sérias conseqüências. Pra quem me lê pode parecer que apenas junto uma palavra com a outra, de uma forma mais ou menos harmônica, falando de alguma coisa que eu não sei bem o que é. (Pois se eu soubesse, escrever seria desnecessário, e vocês que me lêem, já sabem disso). Mas o fato é que escrever é uma coisa muito séria. Porque o faço com o meu sangue. Escrever nem sempre é terapêutico. Aquilo que se faz para aliviar, para tornar a vida mais leve ou coisa assim. Às vezes, escrever é cutucar a ferida com um objeto pontiagudo e sujo. Tem vezes em que escrever é causa uma certa inflamação – em algum lugar obscuro de mim. Pago cada letra escrita com o meu corpo. Palavra por palavra machucam o meu ser. Escrever é achar coisas em mim que eu nem sabia que existiam. É ter que digerir essas coisas depois. É ter que fazê-lo com cada partezinha da minha existência. É descobrir que a alma dói. É descobrir que o corpo responde mal às dores da alma. É pôr um ponto de interrogação na minha existência. É ter que fazer alguma coisa com essa interrogação. É entrar em crise por uma impossibilidade de dar um verdadeiro sentido às coisas que escrevo – e às coisas que vivo. É quase morrer de dor ao se deparar com o não-sentido da vida. É ter que tapear isso de alguma forma. É conseguir enxergar coisas bonitas num ponto de interrogação. É pôr o ponto de interrogação frente a um espelho e descobrir que ele vira um coração. É achar isso brega, e lindo ao mesmo tempo. É sentir imensa angústia em não saber pra que serve a vida, e maior angústia ainda em não saber quem sou eu. Escrever é, de vem em quando, querer só uma coisa da vida: não pensar. Porque escrever é questionar a existência. É se dispor a duvidar das coisas da vida. É se dispor a construir alguma coisa verdadeiramente minha. Nem que seja uma coisa bem brega.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Alma subnutrida




Às vezes acontece que me somem os sentidos. Não; não se trata de olfato, paladar, audição, tato, visão. E também não, não se trata de desmaios.

Às vezes me somem os sentidos que eu dou pra vida. Essas coisas que nos fazem dormir acordados, como querer ser feliz, ganhar dinheiro, trabalhar no que se gosta e até mesmo escrever.

A imagem que tenho da vida nítida, colorida e vibrante, derrete. A idéia da vida bela, esvai-se.

Olho para o espelho e o vejo vazio. Meu reflexo já não está ali. A minha sombra não está mais no chão. Durmo e não tenho sonhos. Viramos um só. Eu e espelho. Eu e sombra. Cá e lá. Fantasia e realidade. Acordar e dormir.

O id (guloso que é), engole o superego (chato que é), e eu é que fico me retorcendo de indigestão.

Vida borrada, imagens misturadas, existência que vibra. Cadê esse tal de eu?

Faço laços com o mundo. E ao tentar desatá-los, faço deles, nós ainda mais apertados. É assim, normalmente.

Mas de repente, eis que "nós" é só "eu". E então eu consigo desatar os nós, e o que era um laço bonito vira puro fio sem-graça. Fio solto no mundo. Procurando por um curto-circuito. Dá-me choque na alma. Perco o meu corpo. Vago por alguma dimensão.

Sei lá onde é que eu existo. Só sei que aqui, eu deliro. Seja lá o que for eu...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Louco é o amor, e não eu.




Ei, garoto maldito! É, é com você que eu falo. 

Ora não passa de um bebezinho fresco, que reclama de uma mínima dor muscular como se lhe tivessem amputado um membro, ora parece tão competente que seria capaz de administrar os pepinos do mundo inteiro.

Ora não faz o mínimo de esforço para prestar atenção nas minhas manhas, ora me pega de um jeito tão firme que eu mesma perco o rumo da minha vida.

Peraí...eu disse rumo? Que rumo? A minha vida nem tem um... Não, definitivamente. Não posso achar que a minha vida tem um rumo quando a sua presença na minha vida é tão decisiva. Não posso chamar de rumo quando perder você significaria perder o meu chão. Chão? Há-há-há. Rio de mim mesma. Mentirosa que sou. Pois ter você é justamente abrir mão de ter um chão debaixo dos meus pés.

Meu amor por ti me faz lembrar a infância e Vinícius de Moraes “Era uma casa muito engraçada. Não tinha teto, não tinha nada. Ninguém podia entrar nela não. Porque na casa não tinha chão. (...) Mas era feita com muito esmero, na rua dos bobos número zero”.

Sim, me fazes morar numa casa imaginária. Sim me fazes morar na rua dos bobos. Nosso amor é uma casa que construímos sem material e sem lugar. Numa dimensão que nem existe. Sim, eu sei que falo aqui do MEU amor, e que você me acha louca por te dizer coisas assim, tão sem sentido. Mas saibas que a minha maior loucura é te amar. Não porque você não seja amável, mas pela forma absurdamente maluca que eu te amo.

Não, eu não me mudaria para o inferno com você. Não, eu não abriria mão da minha auto-estima por você. Não, eu não abriria mão dos meus princípios por você. Percebe? Se não é assim, como é que eu posso te amar?  Loucura é isso. Amar sem ser louca. Louco é o amor, e não eu. Acontece que eu não sei diferenciar o amor de mim mesma...


Ps: Eu iria pro inferno, pra te buscar. Menino maldito. Você tem um poder sobre mim que eu mesma desconheço....

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Homenagem ao Superego




A noite cai
A alma levanta
O amor se esvai
Some a santa


 
O escuro é perigoso
O claro não é seguro
Se viver é penoso
Existir é impuro


 
Dá-lhe chibatadas
Dá-lhe punição
As vias certas são erradas
Viver é em vão.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mundo borrado



É morna a penumbra
Ouço o silêncio gritando
A noite deslumbra
Sufoca-me o seu manto.

Os pensamentos a ruir
Os ratos a roer
A lua a sumir
A existência a gemer.

Os afetos a rarear
Raro, mesmo, é ouvir
A noite a cantar
O coração a zunir.

Sinto o gosto do corpo amarrado
Vejo o rosto do tempo
Existo num mundo borrado
Este é o meu acalento

Cada vez mais perto
O corpo lateja
Não sei bem ao certo
Mas é fato que a alma boceja.

O sentido falta
A palavra é cuspida
Deus é peralta
Só sabe me coçar a ferida.

O sono me invade
Meu sangue abranda
O que é felicidade?
Só sei que a vida a espanta.