Eu sinto como se você estivesse nas minhas mãos.
Como se as suas alegrias e frustrações dependessem de um leve movimento dos meus dedos.
Como se, caso eu respirasse por um segundo a mais, você pudesse explodir.
Como se, dependendo da frequência do meu piscar de olhos, você pudesse derreter.
Como se, caso eu pisasse em uma folha seca com o pé direito, mas não com o pé esquerdo, você viesse a se fragmentar.
E é tudo tão intenso, que diante disso, eu me paraliso. Sinto que não posso me mexer, ou posso te desmanchar. E não, você não é perfeito. Mas eu amo a sua imperfeição.
Já tive tanta taquicardia, outrora, que o meu coração está com câimbras. Então, parou de pulsar, obedecendo a um comando da minha alma. Auto-preservação da espécie.
O meu sangue já não corre pelas minhas veias. Ele caminha, de forma branda e amedrontada. Assim como eu, o meu sangue pisa em ovos.
O fervor da minha alma queima a pele do meu corpo. E aí eu não sinto dor, desde que eu não me mova. Meu corpo deixa de existir, e sou pura alma.
Cronologicamente, isso tudo dura um instante, é efêmero. Mas continua a ecoar pela eternidade.
Aqui, no cinza da realidade, você nada exige de mim. E isso me é quase insuportável.
Porque as vezes, te quero tanto, que ter um corpo me atrapalha.
Quero um beijo da tua alma, na boca do meu estômago. Agora, por favor.
21 comentários:
muito bonito e acima de tudo sentido!
Um beijo na boca do estômago dá "fome".
"Aqui, no cinza da realidade, você nada exige de mim. E isso me é quase insuportável."
Pura verdade.
O corpo cala aquilo que a alma fala!
A sensação de não ser exigida é insuportável...
Suporte?!
;-)
Eu já tive uma garota nas minhas mãos, acho que ela era o sonho de qualquer cara pois não reclamava de nada, acatava todas as minhas decisões e mudanças, sempre concordava comigo, me perguntava o que eu achava de cada coisa que ela decidia fazer, deixava até eu sair sozinho pra balada.
Ela era IRRITANTEMENTE submissa às minhas vontades. Parecia perfeita, mas a perfeição enjoa logo pois não nos desafia.
uma declaração exata.
que delicia que é poder te ler de tempos em tempos...
parabéns!
Acredito que quando se vive a poesia, escrever é mera consequência.
Cada vez que venho aqui sou especialmente tocada pela verdade das palavras e pela beleza dos sentimentos. Isso me fascina.
Você consegue fazer poesia em uma prosa de vinte e uma linhas. Que continuam a ecoar pela eternidade.
Que lugar mais lindo!
Encantada...
há de se buscar o equilíbrio, do corpo com a alma, as volições de um depende do outro.
Amor é doença,fato
Cabeça não pensa coração padece e o corpo mais ainda.
=*
Cara, eu paro pra vc!Vc é muito boa!Puta que pariu, vc é boa demais!
Que texto é esse Alícia? Que texto é esse!PQP!
PERFEITO!!!!
Bjo!
Alicia,
Liberta teus desejos... sente todas as sensações, deixa-te levitar no olhar que busca o teu!
Não importa se o copo se quebrar!...:))
Beijos meus,
AL
A poesia mora nas suas entranhas. Ela sai naturalmente e vai deixando caminhos de sabedoria marcantes que nos mobiliza por um instante que se torna infinito. É a sensação que tenho a cada texto que leio aqui. É um rapto tão perfeito que quando encontro com a sua poesia os barulhos emudecem e eu só escuto a voz que vem da dasnça das sábia e tocantes palavras! Aplausos para você!
tanto que não cabe no corpo..
beijos..
Há vivência nessas palavras...
Pelas barbas de Freud! Visitar seu blog é uma experiência cada vez mais intensa e arrebatadora. Saio daqui quase sentindo dor física - e isso é muito bom!
Te confesso que ler esse seu texto doeu bem aqui no fundo. Densidade é algo que sempre me atrai. Achei digníssimo.
Alicia...
Tudo muito bonito aqui.
quero voltar outras vezes.
Grande Abraço.
por isso.
beijos...
Saudades daqui!
Bjão Alicia.
:*
Incrivelmente lindo, e dá vontade de ler pra sempre, dá vontade de que seja infinito. Sim, seus textos tem esse poder.
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