Deixe-me sair
Não, você não pode
Pois eu devo ficar
A vida me enlouquece
Quanto mais sentidos eu procuro
Mais encontro chances deles existirem
E isso é desastroso
Porque é bem mais bonito se conformar com a falta de sentido
Porque é bem mais legal acreditar que a vida é bela e que o amor salva
Bando de mentiras...
A vida é feia
Acreditamos em promessas de felicidade e de honestidade
Só ganhamos realidade
Mesmo os sonhos que se realizam
Se tornam cinzas
A realidade tem gosto de café frio
E o sonho realizado também
Veja, o objetivo da minha vida
É deixar tudo com gosto de café frio
E de algum modo encontrar beleza nisso
O tempo não pára pra eu pensar
E eu não paro pra viver
Acontece tudo junto, todas as coisas se mesclam
Onde é que acaba a vida e começa a morte?
Onde é que acaba o eu e começa você?
Onde é que acaba o meu corpo e começa a minh'alma?
Onde é que acaba o sonho e a realidade inicia?
Onde é que acaba a minha visão?
O horizonte não é uma linha, bonita como os desenhos nos quadros mostram
O horizonte é um corte. Um rasgo no meu alcance.
Uma impossibilidade.
De ver um pouco mais.
Assim como é a morte. Uma impossibilidade de ver um pouco mais.
Assim como é o amor. Uma impossibilidade de ver um pouco mais.
Assim como é o sol.
Assim como são as palavras.
Porque tudo o que existe faz limite. O mundo só sabe me podar.
16 comentários:
O corte rasga e dói mas também abre. E a chance que temos é transformar a barreira em fronteira - delimita mas permite deslocamento.
Belo texto, me fez - e está fazendo - refletir sobre várias frases. Adoro textos assim.
:)
Um poema cafeinado, daqueles que acordam. Bonito, como só você faz ser.
Um poema-prosa delícia de ler, cada frase me levou tão longe.
Seria capaz de ler mil vezes. Em cada uma delas seria uma leitura diferente. E meu coração bateria em compassos diferentes. Mas o olhar que parece ler e escrever a minha história, esse seria sempre da mesma doçura.
A realidade tem gosto de café frio, mesmo. Mas isso que você faz tem gosto de capuchino, dos melhores, e é uma delícia. Dessas misturas que a gente deseja, sonha e quase incorpora.
Muito, muito lindo.
Muito, muito fã.
É Alice...hj vc escreveu por mim...
bj
uma bukowski!
Hoje estás inspirada Alice!
Odeio café amargo.
Talvez caminhar não passe mesmo desse gosto de café frio pelos lábios...
Talvez a vida e tudo que dela se anseia, não seja nada além desse café frio...
o pior é que buscamos o contrário sempre. Será que existe?
Bjs
Gosto da maneira de como você escreve. Magnífico texto.
Bem... tirei uma lição: devemos aprender a se não gostar de café frio, aguentar tomar...
Bjs.
E quem disse que os olhos são boas testemunhas?.. Para além do bem e do mal não existe café frio ou quente.. mas ele desce sem arranhar a alma...
Cafeína pura. Nunca temos certezas,sempre temos duvidas. E tudo o que queremos de uma hora para outra vira pó,cinzas.
É, fazer o que, temos que beber desse café frio,para viver.
Adorei teu texto (:
A fantasia é o café quente da vida!
;-)
É exatamente isso. A própria vida nos limita. Tudo a nossa volta nos limita. A liberdade é uma utopia.
Quando fecho os olhos, apenas o que está dentro não tem limite.
meu café esfriou enquanto lia
duras realidades me acometem
O infinito não cabe na nossa compreensão.
Postar um comentário