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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Meu amor me angustia




Dizem que o amor é de graça.

Pois que saibam, as pessoas que eu amo, que o meu amor é caríssimo. Talvez não tanto para elas, mas para mim, é.

Porque o amor é apenas um nome que eu dou para uma angústia avassaladora. Sim, amor é angústia.

Como poderia ser leve a sensação de dar um pedaço de si nas mãos do outro, sem a possibilidade de ajudá-lo a cuidar?

Amor é se tornar uma massa de modelar nas mãos de uma criança que ainda não tem a coordenação motora fina desenvolvida. Você pede que ela te modele bem bonita, e ela te modela bem bonita. Mas aí o bem bonita dela, é completamente diferente do que você esperava. Cheio de imperfeições, ângulos mal desenhados, e sobra de você muito menos na tal modelagem, e bem mais em pedaços. Em pedaços pelo tapete, pelas paredes, pelos calçados.

Amor é se tornar, em seguida, a mãe que ajuda a criança a limpar a casa, infestada de pedaços coloridos. Amor é pegar pedaço por pedaço de massinha, e fazer uma bola, que no fim, fica cheia de sujeiras, pêlos do tapete e fios de cabelo. Amor é achar aquela meleca, uma obra-de-arte! Gostar de lembrar de cada pedacinho de história, de cada palavra mal-dita, de cada olhar bem olhado, de cada carinho desajeitado, de cada centímetro de pele conquistado.

Aquele que ama, sabe que há tantos tipos de amor, quanto há pessoas no mundo. A gente usa a mesma palavra pra dizer que aquela pessoa tornou-se incontrolavelmente importante pra gente. Cada uma de um jeito.

Então é assim. Eu amo cada pessoa de um jeito diferente. E são todos amores caríssimos. Porque amo com o corpo, com cad mitocôndria. Porque amo com a alma, com cada parte do espírito. E se não for assim, de que jeito dá pra amar?

Amar me dói. Amar me consome. Amar me dilata. Amar, só não me mata.


(Percebo claramente que escrever sobre o amor é meu tema favorito. E quando leio o que eu escrevi, acho que pareço uma criança de sete anos escrevendo redação pra escola. Acho que é porque todo aquele que ama se coloca numa posição infantil. Não há amor adulto.)

29 comentários:

Evandro de Souza Gomes disse...

"Amar me dói. Amar me consome. Amar me dilata. Amar, só não me mata."
Belo final. Belo texto.
Bj
Evandro

Fabrício César Franco disse...

Alicia,

Não concordo com tudo. Ainda assim, do que eu li, eu gosto.

'Baccio',

Fabrício

L.M disse...

E creio que as crianças sabem o que é amor de verdade, quanto mais se cresce, mais se esquece... ;P

Anônimo disse...

que texto especular!

Uma visão particular e muito bem exposta sobre a sua visão do amor, compreende-se claramente seu sentimento através desse seu jeito "infantil" "maduríssimo" de escrever

Se desejar me visitar e me seguir também, será um prazer

http://retalhosdoquesou.blogspot.com

Beijos!

Lívia disse...

Sua percepção ao comparar o amor a massinha de modelar nas mãos de uma criança foi fantástica.

Lívia disse...

Crescemos e continuamos a brincar de modelar nossas tão coloridas massinhas, só que brincamos a sério, e tentamos modelar com maior perfeição, esquecendo, que a essência é a diversão.

Antônio Lídio Gomes disse...

Amar é tudo.
Passando para conhecer, amei!
Um abraço, bjs. Posso te seguir?

Anônimo disse...

Quem ama tem cinco anos de idade, então pega a caneta e escreve assim, com inocência e verdade.

PS. Mas o amor me mata.

Ives disse...

é estranho depositar a palavra amor, onde não podemos concluir com exatidão o que sentimos, mas esse amor em voga esta distante das minhas ilusões, abraços

Anônimo disse...

Amar o amor e sorver dele tudo que nos aprouver ..

beijooos..

Naiane Julie disse...

Amei seu texto nada infantil.
Abç

Carina Destempero disse...

Lindo texto, Alicia.

Essa sua sensação de escrever de amor e parecer criança é ótima. Eu quando escrevo amor sempre acho brega e cheia de clichês.
Acho que é porque amor vive-se muito melhor do que se fala. :)

Um beijo.

Ph disse...

O texto todo foi excelente, mas me amarrei na última frase: Não há amor adulto. Realmente. Quando se torna adulto, deixa de ser amor para se tornar oportunidade.

Mila Ferreira disse...

"Amar me dói. Amar me consome. Amar me dilata. Amar, só não me mata."


O amor é realmente maravilhoso, deixa qualquer pessoa mais feliz!

Marília Felix disse...

"Amar me dilata!"
Adorei Alicia. Lindas palvras**
Bjos delicados.
=)

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

entre o amar e fica em paz comigo, prefiro a mim mesmo

Maria Helena disse...

Que delícia ler um texto tão bem escrito sobre o amor.
O amor tem realmente esses pedaços feridos que se conectam ao todo.
Bjs!

Guará Matos disse...

Olha, eu vim amar aqui os seus escritos.

bjs.

Unknown disse...

O meu amor também é caríssimo, oh, se é! Abraço.

Lê Fernands disse...

como disse madre tereza, se dói é um bom sinal!



=)

lindo texto.
bjsmeus

Vinícius Romão disse...

'Amar, só não me mata...'
'...Não há amor adulto.'
Lindos, seus textos. Não se canse de escrever amores; não importa como sejam. O que importa, é justa e unicamente, o amor.

Leo disse...

A gente ama cada pessoa de uma maneira diferente, mas não menor a uma e outra, amamos com cada palavra, cada membro, cada pensamento.

Lindo teu texto, Sylvia Plath dizia que amor rima com ardor. e me recordei dela.

Beijos!!

Luz disse...

Se vc se sente uma criança de sete anos quando descreve o amor que sente, só posso lhe dizer que vc está em vantagem, pela pureza, por sentir e expressar genuinamente como uma criança o faz...
Não, não há amor adulto, é o amor pueril que segue metamorfoseado

Lindo texto!

Lívia Azzi disse...

Uau, Alicia!!

Se você se sente uma criança com teu texto, então sou outra e dou as mãos para você nessa brincadeira, porque além de achar maravilhosa sua escrita, me identifico muitíssimo com todos esses sentimentos descritos.

;-)

Impulsiva disse...

Acho que foi a melhor analogia do amor que eu já li...parabéns por este texto espetacular.

Hoje estou vindo no seu blog pela primeira vez e estou realmente encantada.

Nem sei o que pode ter sido melhor, o texto em si, ou seu parêntese para falar da sua forma de escrever que nos brindou com uma conclusão perfeita: "Acho que é porque todo aquele que ama se coloca numa posição infantil. Não há amor adulto."

Continue escrevendo sobre o amor, tenho certeza que de uma forma ou de outra, todos viram um pouco de si neste texto.

Um abraço,
Kenia.

Gabriella Beth Invitti disse...

Sim, querida. O amor é caríssimo!
Linda forma de expressar o amor. E concordo: "Não há amor adulto".

Beijo!

Anônimo disse...

Amar me dilata! Que coisa linda, hoje escrevei que o amor me expande, me dilata, me agiganta, me amplifica... Adorei seu jeito, sua escrita, beijo.

Teresinha Oliveira disse...

Verdade. Amor bom mesmo é amor criança. Amor de rir, de brincar, de retroceder no tempo e descobrir dentro de você alguém que já se foi um dia, e que se esqueceu de ser devido às tramas em que a vida te enredou.

Anônimo disse...

Amar me diz.