Descobri que gosto de escrever e não parei mais. Escrevo quase-que-compulsivamente, e sempre me questiono o porquê de escrever. Me lembro de ouvir o Fabrício Carpinejar dizer, na Bienal do Livro, “escrevo para fugir de mim”. Achei lindo. Mas acho que não é pra isso que escrever me serve. Acho que eu escrevo para acordar.
Grande parte do tempo passamos vivendo no modo piloto automático. Não é hábito pensarmos quais músculos devemos movimentar para caminhar, quais são as coordenadas para respirar ou como é que se faz para sentir carinho por alguém. Fazemos essas coisas como se fossem reflexos, como se já estivéssemos programados para isso. Eis que assim passei algum tempo da minha vida. Aí, um dia, que eu não sei exatamente quando, eu acordei. E com medo de dormir de novo, achei em escrever um bom modo de me manter acordada para a vida.
Não sei escrever no piloto automático. Ao contrário do Carpinejar, que escreve para fugir de si, eu tenho que me encontrar comigo para poder pôr as palavras para dançarem. Acho que a inspiração é isso: disposição para encontrar-se consigo mesmo. E a ideia, é um motivo para o encontro. Gosto da minha companhia.
*imagem: deviantart