Tem momentos em que não caibo no meu corpo. Fica tudo desengonçado. Se me mexo, esbarro em objetos e derrubo coisas. Se não me mexo, esbarro em mim mesma e derrubo-me toda. Palavras dizem coisas erradas. Silêncios gritam coisas esquisitas. Tudo fora do lugar. Cadê a minha faxineira? Tá abandonada, bêbada, em algum canto meu. E em mim, uma bagunça interior, que só vendo. Tudo fora do lugar. Sentimentos esparramados, demandas escorrendo. Alguém me ajuda, alguém me ama, alguém me adora, alguém... me dá uma bronca, por favor? E às vezes é só disso que eu preciso. Que alguém me olhe firme e não entre nesse meu joguinho de seduzir a todos e todas. Que alguém olhe pra mim e veja o meu corpo, ao invés de se esforçar pra ver a minha alma. Que alguém me pegue de jeito, e me tire o jeito. Que alguém me roube o ar e me deixe encabulada. Porque vezououtra eu engulo uma coroa e acho que sou a rainha da cocada preta. Mas é tudo dramatização, é tudo faz-de-conta, é tudo mentirinha. O que eu quero de você é bem simples. O que eu quero da vida é bem pouco. Não que eu saiba o que é que eu quero, longe de mim! Mas sei que é simples. E talvez por medo de conseguir, e talvez pra florear, e talvez pra dar um tanto de emoção, e talvez porque não sei-de-nada, eu complico. Quer facilidade, bem? A solidão tá aí pra isso. Tô aqui pra complicar a sua vida. Porque complicar só a minha é fácil e insuficiente.
13 comentários:
Complique o quanto quiser, viva, seja feliz. A solidão está aí para que tu fuja disso e o que eu menos quero é te ver no buraco. Caso tu caia,eu vou te buscar. Posso não ver a tua carne, posso não compreender a tua alma e posso só massagear o teu ego,mas espero acalantar teu coração.
Sou tua fã de carteirinha, não toda.
Ei, eu tinha comentado. Tsc! Disse que não sabia se era o texto que eu tinha pedido, mas que eu tava me lendo.
Complicar o que já está complicado é difícil mesmo, mas continuamos a nossa complicação e descomplicação, como desmanchar os nós de uma lã. Beijo
Eu te daria uma bronca, se não estivesse precisando de uma. De verdade.
Essa rainha-da-cocada-preta que vive aqui, em mim, é mimada, estranha, imprevisível. Vive tentando arrumar meus cômodos interiores, aí, distraída que só ela, acaba deixando portas e janelas abertas, e deixa entrar quem não é convidado, e acaba fazendo mais bagunça. E é justamente nesse momento que consigo ser feliz. Descanso da solidão. Divido a insatisfação da minha vida complicada, complico a de alguém.
E penso: deixa a coroa aí.
Sou mulher e quero me sentir rainha.
A coroa espeta. Mas a cocada é doce.
Ai, ai, ai.
Você me emociona. Me dói. Me diverte.
As tuas palavras falam mais de mim que qualquer texto meu. E eu acho isso uma estranheza incrível, e lindo.
Eu quero uma coletânea de textos teus, Alicia. Pra levar comigo. Pra ler em qualquer tempo.
Faz isso logo, por favor.
Obrigada por escrever.
Obrigada por essa coisa que chega a ser incoerente de tão certa.
Obrigada.
PS: Não vejo a hora de você ficar famosa e mandar oi pra mim. Rs.
Ai Alicia, parece comigoooo.....
:)
Adoro o jeito como escreve!
Escreve com o corpo todo!
Um beijo, Alicia
=)
Feliz dia das crianças!
Parabéns Alicia, admiro a maneira que usa as palavras.
Belíssimo texto*=
Derrubar soberanos faz parte da História da humanidade, e parece que faz parte da história de nós mesmos. Visto que quem é rainha nunca perde a majestade, é um eterno exercício pegar de jeito, tirar o jeito dessa rainha da cocada preta. E, como parte do banquete da vitória, comer a cocada de sobremesa.
Que texto !
Coroa excita, dá vontade de EGOlir. Daí ela [nos] arranha no orgulho contido na garganta.
Cadê a minha faxineira? Tá abandonada, bêbada, em algum canto meu. E em mim, uma bagunça interior, que só vendo. Tudo fora do lugar. Sentimentos esparramados, demandas escorrendo.(..)
Adoro os teus textos *-*
UAU!
Continuo sua fã!
:D
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