O friozinho na barriga. A dúvida gostosa. A tentativa de ler olhares. O descompasso cardíaco. O sorriso como reflexo. É, o amor pode ser lindo.
Mas acontece que o amor é bicho traiçoeiro. Quando você se apaixona pelo amante, quando você está ali, pingando libido, apaixonada pelo amor... Ah, ele puxa o seu tapete. O amante? Não, o amor.
Esse sentimento que pode ser tão bonito, pode também virar o seu mundo de ponta cabeça. E vira mesmo.
De repente, como num susto, me pego te odiando. Querendo te matar. Ah, deve ser a TPM! Dirão os acomodados. Queridos, se todo o problema do amor fosse resumido a hormônios, eu daria risada dele. Ao menos do amor feminino.
Mas o meu amor é sacana. Veja só, bebê, não estou dizendo que você é sacana, mas que o meu amor o é. Chamarei você de amante, tá?
Como eu ia dizendo, o meu amor é sacana. Basta um titubeio seu, e num piscar de olhos, eu, tão equilibrada e paciente, me transformo numa louca. É, numa doida varrida. Assim mesmo, sem eufemismos. Nada de te culpabilizar, nada de tentar deixar a coisa bonitinha. Tomemos o amor assim como ele é: escrachado.
E o meu amor ri da minha cara. Diverte-se com a minha instabilidade. Gargalha da forma mais barulhenta, enquanto assiste ao meu desespero diante das minhas dúvidas.
Tenho uma tendência a achar que não sou amada. Vivo desconfiando do teu amor por mim. Se você pisca diferente, se diz uma palavra a mais ou a menos, já acho que é porque não me ama. Meu coração tem Alzheimer, preciso saber que você me ama todos os dias.
Já você, é cainha com palavras. Ô, homem desgraçadinho! Mania de dizer em meia dúzia de palavras o que eu levo 55 páginas pra entender. Mania de achar que eu devo deduzir o que você não disse. E nessa, eu vou entendendo as coisas do meu jeito. Daquele jeito que tende para uma esclerose, que tende pra uma rejeição, que tende pra um abandono, que tende para o lugar que pra mim é conhecido.
E olha que eu acho que sou muito amada nessa vida...(acho, né). Só que tem coisas que eu sei, racionalmente, mas que o meu corpo não sabe. E o meu corpo não sabe que você me ama, a não ser quando você diz isso pra ele.
Declarações de amor, manifestações de afeto, não têm prazo de validade. “Válido por três meses”. Nananina. Acabou a declaração, acabou o amor.
Céus, eu sou muito chata. Sei disso. Mas saber não basta. Então sinto muito... faço o que posso. Mas se queres o meu amor, agüenta, bebê. Força. O meu amor é gordo e pesado e eu espero que você tenha músculos o suficiente para sustentá-lo.
29 comentários:
Hahaha.
Eu ri alto lendo (e olha que tá de madrugada, minha mãe vai me matar)rs.
Quer um consolo? Meu amor é tão fudidamente gordo qnt o seu, e tem amnésia tb. É preciso repetir toda hr o qnt ele é querido ali...
Cara, a gente é mt chata!
Mas n dá nada. Eles tb são...rsrs
Beijo.
Meu amor é mais gordo do que eu.
Ah, meninas, acho que odiamos mais do que amamos, de tanto amar.
E se falam uma palavrinha diferente, então...
Homem tem que ter curso pra namorar mulher. E mulher, remédios, pra suportar a si mesma diante do que sente diante deles.
"Há palavras que fazem bater mais depressa o coração – todas as palavras– umas mais do que outras, qualquer mais do que todas. Conforme os lugares e as posições das palavras. Segundo o lado donde se ouvem – do lado do Sol ou do lado onde não há o Sol. Cada palavra é um pedaço do universo. Um pedaço que faz falta ao universo. Todas as palavras juntas formam o Universo."
(Foi escrito por um homem - José de Almada Negreiros - que, quiçá, não leu seu post, mas entendeu o que você queria dizer)
Alícia, morro tb desse "mal"
"Meu coração tem Alzheimer, preciso saber que você me ama todos os dias.
Já você, é cainha com palavras"
Eu tenho fome de palavras, me visto delas, consigo respirar melhor por causa delas, e isso ás vezes sufoca e me engasga. Sufoca e engasga porque é do homem ser econômico nas palavras, é do homem deduzir que compreendemos as suas meia-dúzias de palavras (o que pra nós parece esmola), é deles imaginar que estamos lá, dentro de suas mentes, compreendendo tudo e absorvendo extamente o que eles pensam...
e a gente fica surda diante da falta, diante do querer mais isso que não se dá, que não se tem...
Talvez as palavras tenham que bater muitas vezes em mim para que eu possa entrar em contato com elas... E ás vezes é preciso que sejam estrondantes(necessariamente falando das palavras do meu amado)
Meu amor tb é gordo! E quer mta 'comida'!
bjo
Hilário seu texto, além de super bem escrito.
O meu amor é gordo, sofre com celulite e ainda por cima é viciado em doçura.
Adorei. beijo
Aaaaaaaaaaaaah, eu li em voz alta,rindo um pouco e lagrimejando o outro pouco.
Aconteceram algumas coisas ontem e hoje. E os meus pensamentos foram exatamente esses do texto.
Se ele quer meu amor, aguente. Eu faço o que eu posso, se ele olha para o lado ou fala alguma coisa pela metade já é motivo para eu pensar que não me ama. E depois, quando eu estou sem paz, desabando no meu buraco, não sei mais o que fazer. E fico aqui, mimimi :/
Teu texto me ajudou, Alicia *-*
Sou tua fã!
Então, nessas férias virtuais, senti falta de ler teus textos com calma... passei por aqui, até na correria...desse amor de amantes, conheço pouco, o que vejo nos filmes e leio nos livros, mas amo demais ... coleção de amores platônicos (o único amor eterno é aquele não correspondido)...e um amor que sufoca os amigos, é que sem eles, sou menos...Então vivo muitos sentimentos do teu texto, relacionado a meus queridos e sufocados amigos. Hehe
Demais Alicia.. "o meu amor é gordo e pesado" hahahaha.. mas quem ama tem q levar o pacote completo né.. as qualidades (q vc deve ter inumeras) e alguns defeitinhos pq afinal ninguem é perfeito hehehe.. amei o texto
E eu aqui pensando que era a única que precisava de excesso de atenção, agora sei que isso não é egoísmo e sim minha maneira sacana de amar:)(risos).
Beijos querida
belo texto texto
http://sabryna-liberdade.blogspot.com/
Aprendi outro dia, falando com ela , que amor não é céu, é inferno. Hoje que o amor é feio e escrachado. Então.. vou ali me matar e já volto. rs.
M e n t i r a.
Porque é justamente por tudo isso que você afirma e reafirma, grita, escreve, xinga, que eu-fã-tua quase paro de respirar quando leio. E fico cheinha de coisa boa por dentro.
É esta capacidade absurda de amar e o talento fantástico de escrever sobre esse amor que te faz um ser humano incrivelmente lindo, doce.
' Num gesto que não era seu, mas que pareceu natural, segurou a mão da mulher, levando-a consigo sem olhar para trás, afastando-a do perigo de viver. Acabara-se a vertigem de bondade. E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia.'
Lembrei da Ana de Clarice, do conto Amor, em Laços de Família.
"Esqueço que amar é quase uma dor..."
Em tempos de amores de bolso, falta espaço no bolso para as palavras.
Oi Alicia,
Olha como é gostoso isso de juntarmos nossos anseios e necessidades e transformar em alegria!
Vc com muito bom humor descreveu o que pra muita gente é um drama imenso!
"Meu coração tem Alzheimer, preciso saber que você me ama todos os dias."
E não temos todos um coração esquecido?
Beijo grande.
Suas palavras nos levam a te amar
com todo peso que o amor tem, Alicia!
Você nos aguenta, né?!!
Um milhão de anos que não visito o seu blog. Amei o texto, meu amor é mais obeso que o seu, acho que mal das mulheres atuais, sei lá.
Boa noite!
Caramba, parece que foi minha namorada q escreveu esse texto rsrs... Muito bom!
As x dá uma raiva querer, para não dizer, precisar (d)a atenção do outro e quando ela não chega no exatíssimo momento!!!Hum, não é bonitinho, mesmo!!!rsrsrs
Bjs,
Anna Amorim
Eu nunca me canso de vir aqui e ler esse texto. Sem dúvida é o meu favorito entre todos os que tu já escreveu. Ele parece que tem um pedaço de mim.
Obrigada por escrever, Alicia! <3
"Como eu ia dizendo, o meu amor é sacana. Basta um titubeio seu, e num piscar de olhos, eu, tão equilibrada e paciente, me transformo numa louca."
Perfeição maior não há.
"Ah, ele puxa o seu tapete. O amante? Não, o amor."
E cá estou, em 2014.
Parabéns aos quatro anos do texto! <3
E cá estamos em 2015. 💟
Em 2016 também. <3
Em 2018 também... 💚
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