Páginas

domingo, 14 de agosto de 2011

No-body



Escrevo. Apago. Escrevo. Apago. Escrevo. Apago.
Estou escrevendo muito mal ou é o botão delete que está irresistível hoje?
Nem um, nem outro.
Minha alma grita, e assustado, o meu corpo se cala. E extasiado, se nega a aceitar o movimento dos meus dedos sobre o teclado.
É que eu ouvi Zeca Baleiro.
Ou eu fui pôr o Zeca pra cantar pra tentar quebrar essa dança frustrada entre corpo e alma?
Não sei. E acho que isso nem importa.
O que importa é que escrever é extravasar pedaços de alma.
E às vezes meu corpo está tão encantado com os pedaços de alma, que se recusa a extravasar. Fica ali, todo cheio, exibindo-se para si mesmo. E a alma fica ali, encantada pelo encanto que produz no corpo...
Oras, do que é que estou falando?
O corpo, a alma. Que casal bonito! Mais parece eu e você.
Pois veja só, bebê. Não importa do que eu fale, acabo falando de você.
Pois veja só, alma. Não importa do que eu fale, acabo falando de você.
Então falem comigo...
Não me deixem aqui, só, diante do meu corpo que, vez em quando, decide se calar.

16 comentários:

Danelize Gomes disse...

Não tem como te deixar só. O corpo pode se calar,mas a tua mente está sempre a mil. Alicia! *-*

Anônimo disse...

Falo.

Mas prefiro ler.

Lindo!

Anônimo disse...

lindo querida.. e o final é exatamente o q se sente.. nao importa do q se trate acabamos sempre falando daquilo q mais toca nosso ser, o amor. e o amado. parabens pelo blog .. está sempre entre as minhas leituras prediletas.

Mila Ferreira disse...

Podem até se calat, mas não deixam de sentir...

Abraços.

Sandro Ataliba disse...

Um dos dilemas mais profundos. Por isso, em um de meus posts, sugeri o divórcio.

Marcelo Henrique Marques de Souza disse...

Escrever é realmente isso.. extravasar pedaços de alma..

Cacos boiando no infinito.

Thaís Alves disse...

Esta briga do corpo e da alma é certamente mais antiga do que as DR´s homem e mulher...rs Um belo texto, especialmente para quem não conseguia escrever :)

Um beijo!

Ayanne Sobral disse...

Ai, Alicia. Como me doem as tuas palavras.

Eu, que hoje tô sofrendo desse mal: corpo calado. Eu que, enquanto te leio, tenho os olhos na alma, que também se cala. Eu, silencio.

Fico aqui admirando a briga desse casal bonito, que vive escapando um do outro. E eu vivo desejando que eles se encontrem.

Como não me enxergar em cada uma das tuas letras? Como não admirar as doses de suavidade que você salpica nos dedos para extravasar essa alma grande? Como não falar com você? Como não te ler?

Obrigada por escrever. É isso.

Ayanne Sobral disse...

Ai, Zeca.

:)

Lilian disse...

aí a gente se fala.Beijo.

Lilian disse...

aí a gente se fala.Beijo.

Sabryna Gonçalves disse...

É difícil as vezes conciliar o corpo com a alma, porque nem sempre eles fazem escolhas iguais, e acabam nos deixando sem palavras...
Beijos Alicia http://sabryna-liberdade.blogspot.com/

Naiane Julie disse...

Ai ai, como é bom ler o que você escreve. Este texto lembrou-me os textos da Clarice Lispector, livres e delirantes, amei!

Abraços

Leo disse...

Mas o sentir não se cala, pois sentir não tem som, é do íntimo.

Luz disse...

Ai meus pedacinhos...

Lívia Azzi disse...

..."esse dualismo da alma e do corpo lhe era estranho. Ela se confundia muito com seu corpo para não sentí-lo com angústia" (Milan Kundera: "O jogo da Carora", In: "Risíveis amores")

Já lhe falei que me lembram de você, né?!