As vezes acontece que eu fico sem ideia para escrever. A inspiração vem, mas a ideia fica encalhada, em algum lugar. Aí eu penso “mas como?" Eu penso tanta coisa sobre tanta coisa! Posso falar por horas ou escrever páginas sobre tantos assuntos, principalmente os triviais. Acontece que isso me ocorre agora e é por esse motivo que escrevo disso.
Tem quem se queixe de falta de inspiração para escrever. Eu ainda não sei o que é isso. Sei o que é falta de ideias. É quando parece que nada é bom o suficiente que se mereça transformar em letras. E se insisto, e ainda assim resolvo escrever, aquilo me dá náuseas. Não quero que o leitor tenha náuseas assim, por isso apago muitas coisas das quais escrevo.
Náuseas também, tenho quando leio algo muito genial. Mas aí, são náuseas diferentes. Quando leio Marguerite Duras, ou Clarice Lispector, por exemplo, fico levemente tonta, com um incômodo estomacal. As vezes são tonturas doces, as vezes são violentas e angustiantes.
Chamo de angústia a sensação desagradável de se perceber que está preso em um corpo. Ou, melhor, a sensação esquisita a que chamo de angústia é a de perceber que eu sou um corpo. Eu sou cada uma das minhas células – inclusive as mortas – eu sou os meus órgãos, eu sou o meu sangue e as minhas lágrimas. Saber disso, dá-me angústia.
Porque em uma grande parte do tempo, isto é, quando estou vivendo no modo automático, acredito que sou os meus pensamentos e sentimentos. Mas não, isso eu não sou. Porque isso muda a toda hora. Mas, bem...também as minhas células mudam a toda hora. Desde o dia em que nasci até hoje, não há uma célula sequer que me acompanhe, assim como também não há um pensamento que seja o mesmo. Ora, eu vivo me transformando toda. Então como sei que eu sou eu? Ainda bem que eu tenho um nome. Se não fosse isso, perder-me-ia toda.
Tem quem se queixe de falta de inspiração para escrever. Eu ainda não sei o que é isso. Sei o que é falta de ideias. É quando parece que nada é bom o suficiente que se mereça transformar em letras. E se insisto, e ainda assim resolvo escrever, aquilo me dá náuseas. Não quero que o leitor tenha náuseas assim, por isso apago muitas coisas das quais escrevo.
Náuseas também, tenho quando leio algo muito genial. Mas aí, são náuseas diferentes. Quando leio Marguerite Duras, ou Clarice Lispector, por exemplo, fico levemente tonta, com um incômodo estomacal. As vezes são tonturas doces, as vezes são violentas e angustiantes.
Chamo de angústia a sensação desagradável de se perceber que está preso em um corpo. Ou, melhor, a sensação esquisita a que chamo de angústia é a de perceber que eu sou um corpo. Eu sou cada uma das minhas células – inclusive as mortas – eu sou os meus órgãos, eu sou o meu sangue e as minhas lágrimas. Saber disso, dá-me angústia.
Porque em uma grande parte do tempo, isto é, quando estou vivendo no modo automático, acredito que sou os meus pensamentos e sentimentos. Mas não, isso eu não sou. Porque isso muda a toda hora. Mas, bem...também as minhas células mudam a toda hora. Desde o dia em que nasci até hoje, não há uma célula sequer que me acompanhe, assim como também não há um pensamento que seja o mesmo. Ora, eu vivo me transformando toda. Então como sei que eu sou eu? Ainda bem que eu tenho um nome. Se não fosse isso, perder-me-ia toda.
Sou onde não penso. (Jacques Lacan)
16 comentários:
Acho incrível dividir o que pensa, claro que me identifico e gosto do que leio. O final do - Ainda bem que tenho um nome. Se não fosse isso perder-me-ia toda - foi lindo.
(...)não há um pensamento que seja o mesmo. Ora, eu vivo me transformando toda(...)
Eu ainda procuro acreditar que existem coisas em mim que não se transformaram... Quando vejo que as mudanças são muito significativas fico desesperada.
Desesperada por mudar tanto...
E desesperada por ter demorado tanto para mudar!
Há uma interessante metáfora budista que diz que nós não somos as nuvens passando. Somos o amplo céu no qual essas nuvens passam.
É incrível como o pensamento de Lacan tem muitos pontos de contato com o budismo, sobretudo o da linhagem zen. (Não essa salada mística esotérica que se propaga por aí, através de gurus-charlatães-e-piradões. Refiro-me à linhagem zen budista japonasa, histórica)
Eu sou o meu nome, que um outro escolheu pra mim, estou na linguagem que me constitui enquanto sujeito!
Quando Clarice leu Dostievski teve febre.
obrigada pela visita e pelo comentário. adorei seu blog. seguindo ;*
Nada melhor do que um banho de Lacan pra acalmar tudo o que a gente não entende, né?!
lindo esse seu cantinho blog! ;)
Moça eu fico até sem argumentos para poder tecer um comentario que realmente valha a pena pois admito, não tenho um nivel intelectual que me permita tal coisa, mas mesmo assim me atrevo a comentar que também sofro com lapsos de sobre o que devo escrever, por isso passo para o escracho, para o huor que dai minhas idéias acabam fluindo
Olá Alícia - Ferreira Gullar disse uma vez em entrevista "Eu só escrevo quando entro em um estado, não consigo escrever tendo programado"
EU acredito nisso piamente, apesar de ainda não entrar nesse dito "estado"! :)
beijo
Oi Alícia!!
Que delícia ler-te!
Tanto por me identificar com seus escritos quanto por aprender muito com eles...
;-)
Fica tranquila, você não esta sozinha em suas sensações.
Beijo!
Gosto de pensar que nunca estou sozinho, afinal meu corpo sempre vai comigo onde quer que eu esteja (pelo menos até hoje foi...)
Abraços e obrigado por entrar em meu Blog
Você me transmite uma certa "calma" nos seus textos. Gostei muito mesmo da forma como você escreve. Diria até divertido, haha.
Ótimo. =)
Essas palavras foram e são tão 'minhas' desde que as li que já fazem parte da minha história.
Assim como você, Alicia [e essa mania de verbalizar o que anda pela minha cabeça - e coração], já faz parte da minha história.
Obrigada. Mesmo.
'Ainda bem que eu tenho um nome. Se não fosse isso, perder-me-ia toda.'
Veio a calhar.. Divino!
Obrigada por traduzir e explicitar coisas tão, tão angustiantes.
*Espero que o comentário vá, sempre dá erro! =/
VIVA!!!
Passarei a não só ler fielmente, mas tbém a comentar.
;}
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