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domingo, 23 de setembro de 2012

Me veste com as suas palavras? Me despe com os seus beijos?

Estou rancorosa comigo por não saber guardar rancor de você.
Mentira, tô só pensativa, não sei guardar rancor nem de mim.
Vivo capturando as palavras alheias e tenho mania de enxergar verdades mesmo onde elas não existem. Qualquer que seja a roupa que você me vista, eu acredito que é a minha pele.
Talvez eu não tenha características especificamente minhas, então levo a ferro e fogo as suas palavras.
Isso é muito perigoso. Me jogo inteiramente nas suas mãos e acredito em tudo o que você diz. Por não saber o que sou, me torno exatamente aquilo que você diz que eu sou. Então posso ser qualquer coisa, desde que você queira.
Isso é delicioso. Porque se posso ser, posso des-ser também.
Sou uma pessoa sem corpo, sem personalidade, sem nome e sem desejo. Objetalizo-me para você.
E isso tudo é uma grande mentira, mas é muito mais fácil existir para você do que ser para mim.
Então me empresta aqui a sua existência pra eu sumir um pouco de mim. É pra isso que serve o amor, né.

8 comentários:

Nati Pereira disse...

Rancor é meu defeito, minha qualidade, nem sei mais, só sei que isso não me faz esquecer as coisas ruins que as pessoas me fazem, fizeram e irão fazer, sei que é ruim, não é um sentimento bom, mas pelo menos não sou burra, idiota e hipócrita de ficar tratando bem que não me faz bem. Beijo

Danelize Gomes disse...

Agora pra mim, sinônimo de amor é vestir a pele de quem se ama, porque eu acredito em tudo o que tu escreve, Alicia, hahaha. s2

insonne disse...

Ousado texto,e ousada forma de amar.
Amar se tornou coisa de gente ousada e corajosa.
Expressá-lo então...
Por isso,parabéns pelo texto.
Parabéns pela coragem e ousadia de se permitir ser e coexistir no ser amado.
Obrigada por dividir novamente seus sentidos.
beiJuh

Lívia disse...

Texto forte. Perigoso o sentimento exposto nele. Assustador como é verdadeiro. Bom, pra mim, pelo menos. Mais uma vez, excelente, Alicia.

Fernanda Fraga disse...

Não conhecia seu blog, muito bom.
abraços

Ayanne Sobral disse...

A mim, ficou a vontade de des-ser. Desaprender. Des-existir.

Porque o que mais tenho desejado ultimamente é sumir um pouquinho de mim. Eu, que nem sei onde estou.
Onde fui parar?

Seja onde for, é de lá que eu te leio e admiro, como uma amiga-irmã maior e melhor.
É de lá, daqui, que eu vou te admirar e ler sempre. Sempre.

<3

Graça Pereira disse...

Um modo lindo, diferente de dizer: AMOR!
beijocas
Graça

Vanessa Souza disse...

O amor serve para um bocado de coisas.

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