Amor meu.
Coisa mais clichê isso de começar um texto com "amor".
Mas se tem uma coisa que eu ainda não encontrei uma forma, foi falar de amor sem cair no clichê.
Então, danem-se os clichês.
Quero te dizer aquele blábláblá de toda menina apaixonada (sim, menina, embora eu já esteja mais perto dos 30 do que dos 20 (toda mulher apaixonada tem alma de menina)).
Eu queria nomear aqui várias tentativas de explicação pra dizer o porquê eu te amo, mas eis que nesse motivo alguma coisa me paralisa, e me impede de ser tããão clichê assim.
Só queria te dizer que estou bem. Que você me faz ter a sensação de que, se existe uma moça chamada felicidade que mora nesse mundo, eu tenho um pedacinho dela nas minhas mãos. Eu já disse, mas repito, nunca pensei na vida que eu pudesse ser tão feliz. Nunca imaginei que eu pudesse ser tão eu, ao lado de um homem. É estranho dizer isso “ser tão eu” pelo simples motivo de que eu não sei o que é ser “tão eu”. Sou só mais um ser humano perambulando por esse mundo, que não sabe quem é. Não sei quem sou, mas meu sexto sentido (tenho chamado "alma" de sexto sentido) berra nos meus ouvidos, quando estou ao seu lado, de que eu sou isso. Não, eu não defino a mim mesma como “mulher de fulano” (fulano é você, é sempre bom explicar). Mas eu me aproximo de mim mesma quando respiro na sua presença. O ar flui melhor pelos meus pulmões quando escuto o piscar dos seus olhos, o estralar das suas pernas. Você é um ser muito barulhento. Joga a porcaria do PS3 ligado no último volume, assiste televisão como se fosse um senhorzinho de 80 anos que deveria usar aparelho de surdez e não usa, e como se isso não bastasse, ainda grita nos meus ouvidos toda a lindeza da sua existência. Seu olhar me esfaqueia, me incendeia, me bate, me acaricia, me faz sumir, me faz existir. Suas mãos me dão contorno, me dão nada, me descobrem, me queimam. E chega dessa melação toda. Quando eu acho que não posso te querer mais, quando acho que esgotei todas as mimizices que o amor me faz escrever, me dá um surto de amorzinho adolescente, e cá estou eu, escrevendo pra você essas babaquices aqui.
Eu te amo.
E isso é insuficiente. Tudo é insuficiente. Sou apenas um corpo, que faz do amor um guarda-chuva (ou uma sombrinha? Tanto faz.) A vida chove, o amor me defende. Ou me ofende.
Escrevo porque não sei amar.
Escrevo porque não sei viver.
Escrevo porque não sei.
(Nem a vida chove, nem o amor defende, muito menos ofende. Talvez não aconteça nada e eu é que invente tudo isso.)
16 comentários:
Alicia,
Os clichês rodeiam os textos, a vida ... e vai ser sempre assim. Como poderia ser diferente se trazemos ele dentro do peito?
É sempre aquela velha história, o mimimi, com roupas diferentes.
E é apavorante e é tão bom.
E que delícia poder aproveitar essa coisa tola das borboletas e das cores e dos sorrisos.
Que possamos sempre sentir, ser bobos e nos repetir. =)
O amor é clichê, mas quem disse que ele deve ser diferente? Ame assim mesmo. Discordo quando diz que escreve por não saber amar, pois a escrita de certa forma já é um caso de amor.(Nossa ! Isso foi profundo).Você escreve muito bem, expressa suas definições e indefinições com maestria...Seu amado é barulhento? Sinto muito por você, tem defeitos piores. Aproveite e exercite a paciência.Gostei da definição do guarda- chuva ou sombrinha, penso que o amor defende mais que ofende.
O amor é o clichê reinventado. Ora chuva, ora guarda-chuva. Lindo texto, bela analogia, dona Alicinha.
O amor é o mais necessário dos clichês.
Muito bom, A!
Meu beijo,
Tá.
"...se existe uma moça chamada felicidade que mora nesse mundo, eu tenho um pedacinho dela nas minhas mãos".
Teu texto me fez pensar no 'pedacinho de felicidade' que eu tenho aqui comigo. E como é bom tê-lo!
Um beijo,
Heloisa
@hls_heloisa
E o que seria de nós sem esse clichê?
"Escrevo porque não sei amar.
Escrevo porque não sei viver.
Escrevo porque não sei."
Exatamente isso. Perfeito.
Beijo,
Dani.
Nem Djavan conseguiu sair do clichê, mesmo com tantos neologismos, dissonâncias e harmonias complexas...
Tenho pra mim que se você escrever todo dia, todo dia quebrarei minha regra e virei comentar. Uau, que clichê mais sensacional!
Bj, Alicia. Anne adora te ler. ^^
A, tenho um pedido a fazer. Como mudei o domínio do meu blog para http://www.historiadaminhaalma.com.br/, gostaria de lhe pedir que atualizasse esse endereço no rol dos blogs elencados e indicados no seu blog.
Obrigada,
Tá.
Escrevo porque não sei amar.
Escrevo porque não sei viver.
Escrevo porque não sei.
Textos são sempre tão alguem, tão eu, tão todos nós
=)
Sempre desconfio de quem fala mal de clichês. Ou a pessoa é falsa ou não tem um sentimento dentro de si.
Amar é sentir todos os clichês se alternando, ou se sobrepondo, sei lá, e ao mesmo tempo sentir sempre um quê de novidade.
Texto lindo, A.!
Ou talvez tudo isso exista ao mesmo tempo, e loucos sejam os que não percebem.
Estava em falta aqui no teu blog pela viagem, Alicia linda, mas agora coloquei as leituras em dia!
Vai ver você escreve porque sabe amar, mas não sabe que sabe tão profundamente assim!
Enquanto o amor for clichê eu falarei, farei e serei clichê, porque, paradoxalmente, nada como tal clichê pra nos tirar da monotonia, reavivar o tesão de desejo, as expectativas de felicidade, a vontade de se aprimorar pelo fato de poder deixar alguém somar você, é lindo e exitante esse clichê, é essencial amar, é essencial amor.
[suspiros] E pra colocar mais um clichê nessa história, eu a chamo de amor de verdade. Desses que um reconhece os defeitos do outro, e ainda sim, fica. Sabe? E esses dois são lindos, né? Todo mundo sabe, todo mundo vê. [/suspiros]
"Ser tão eu"... "Eu" já é um clichê, e ser, existir, e repetir os dias buscando ser sempre a mesma coisa, é um clichê chamado "vida".
Hoje acordei pensando em você como se eu nunca acordasse já pensando em algo, mas pensei em você e quis dizer ora bolas... Adoro diversos sorrisos e o seu continuamente tanto que faço preces para que você sorria sempre, mas, digo isso todos os dias. Acaso você se fartaria de ouvir-me dizer que adoro o seu sorriso? Clichês.
Amor, tantos são as nuances de sentimentos que explodem na conjugação do meu verbo amar, que possessivamente uso as mesmas frases, versos, poesias, despoesias, para dizer que até mesmo em silêncio eu te amo.
Te amo até debaixo d'água. Te amo como nunca amei ninguém. Te amo, amo, amo, rs... Clichês.
O amor veste redundâncias.
Agora, se é para reverenciar os clichês, prefiro a exaustão de te beijar, toda.
Beijos,
@Despoesia.
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