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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Eu e os meus 12 pulmões

A minha pele grita pela sua, e eu sei que é paixão (Mentira, é tesão mesmo, mas paixão pra mim é eufemismo pra tesão, porque não sei falar de tesão como se fosse uma coisa natural. Aliás, acho que não sei falar de mim como se eu fosse uma coisa natural. Enfim.)
Minha alma grita por você e eu sei que é amor.
É estranho isso de dizer que corpo e alma são coisas diferentes, eu nunca sei explicar como posso sentir algo para além do meu corpo.
Acho que chamo de corpo aquilo que eu consigo localizar. Sinto uma dor muscular, aperto o local e dói mais ainda. Sinto vontade de comer doce, e localizo a parte embaixo da minha língua que saliva  por um pedaço de chocolate. É apaziguante isso de conseguir localizar de onde vem determinadas vontades, ainda que sejam ruins.
Acho que chamo de alma quando não consigo achar o lugar de onde vem o meu desejo. Te amo num lugar que não sei onde é. Balela isso de dizer que a gente ama com o coração. Se fosse só com o coração eu estaria tranquila.Besteira achar que é com o cérebro, se assim fosse, eu nem amaria. A merda é que eu não sei com que parte de mim eu amo, e aí chamo de alma, porque parece que é com o corpo todo e mais um tanto. Te amo com 50 dedos, embora eu tenha apenas 20 (sim, gente, 10 nas mãos e 10 nos pés, não é?) Te amo com as minhas 10 cabeças, embora eu tenha apenas 1. Te amo com meus 20 estômagos, com os meus 87 pés, com os meus 5 esôfagos, meus 10 rins, minhas 150 trompas de falópio, e por aí afora.
Não é fácil ser eu, meu filho. (Ficou estranho isso de filho, mas tenho uma regra própria aqui de não apagar as coisas que eu escrevo, então azar, vai ficar assim mesmo)
Tudo o que você tem que fazer é me lembrar de vez em quando, e de forma doce, que existe um chão embaixo dos meus pés. Que tenho apenas 1 cabeça, 2 rins, 1 útero, 1 sexo, 2 pernas, e tal. Pode parecer maluquice isso, mas preciso que você dê contorno ao meu corpo. (E agora pareceu mais maluco, né? Dane-se).

10 comentários:

Danelize Gomes disse...

Um texto teu, uma música romântica e uma chuvinha leve. Nem preciso de mais nada. Também acho que o que vem da alma seja o que eu não sei, o que eu não saiba identificar.
Por isso mesmo que acho que perdi a minha alma em alguma das viagens que já fiz aos meus eu's interiores. Sei lá.
Tantos órgãos assim e um coração tão grande, né Alicia. <3

.h disse...

Porque cada um dos meus doze fígados já ficou ferrado por causa desse tal de amor que não se sabe de onde vem.
(O ritmo do seu texto lembra um pouco o do Luís Vilela)

insonne disse...

Lindo...Como tudo que você escreve.
Acho que amo com umas 27 almas dentro de mim.
É tudo tão intenso,tudo sempre exagerado...
Enfim,me identifico com cada palavra dita e sentida por ti.
Belo texto. <3

Anônimo disse...

Essa coisa de se ver com 10 cabeças, 87 pés, etc. eu chamo de psicose...

Anônimo disse...

"Amo aquilo que nao sei o que é,aquilo que nao posso ter. As coisas que
Nao existem sao as mais bonitas.
Vc sabe,eu sei"

R. Borges disse...

Se vc tivesse que amar com essas 10 cabeças, 150 trompas de Falópio, 20 estômagos e etc não suportaria a dor que vem junto com esse sentimento.
Que bom que há alguém para contornar tanto corpo e dar morada a essa alma bonita de Alícia.
:)

Guilherme Antunes disse...

Delicioso!!!

Nina disse...

Respirando aqui, profundamente. por todos os poros.
Abraços.

Ronaldo Fernandes disse...

Como que uma anatomia faz uma geografia de sentimentos e partes encontradas em fragmentos de amor :) Gostei demais

Vanda disse...

Alicia, adorei a descrição do perfil e principalmente o conteúdo do seu blog. Em meio a milhares e milhares de blogs as vezes garimpo algo fantástico como esse espaço aqui!!

Grande beijo, sucesso!