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domingo, 20 de maio de 2012

Zona interior





Carrego uma bagunça em mim.
Eu sou a própria bagunça. Se por acaso a arrumo, deixo de existir.
Vocês têm noção de como é difícil ter que viver bagunçada pra existir?
Faço agenda, meticulosamente. Cumpro-a.
Mas se por acaso eu venho a perder a minha agenda, sei exatamente tudo o que está escrito lá.
Mas é claro que não é dessa bagunça que eu falo!
Sou responsável e sei parecer ser organizada.
Sei fingir ter o que não tenho.
Sei fazer charme.
Faço charme pra esconder a minha bagunça interior.
Uma vez, por acidente, um homem viu a minha bagunça. 
Descobriu a zona que há dentro de mim. 
"Me ferrei, pensei eu".
Mas o homem gostava de putaria, encantou-se com a minha zona e ficou em mim. 

9 comentários:

Anônimo disse...

Como você me completo com a "minha bagunça interior". Acho que sem ela, posso ficar esquisita a mim mesma e não posso me relacionar com alguém ausente (rs). Que sua bagunça seja motivos para loucuras e belas poesias Alicia.

Beijoca!

Dani Lusa disse...

E que graça teria se fosse tudo sempre organizado?

Adorei e me identifiquei.

Beijo, Alicia.

Danelize Gomes disse...

Ei, que profundidade toda é essa na madrugada, mulher?
Desde que comecei a te ler, sempre te achei organizada e bagunçada. Organizada para twittar e escrever, bagunçada para sentir e amar. E acho que é isso que te faz ser 'não toda', sempre. <3

Sandro Ataliba disse...

Toda bagunça depende do ponto de vista. E cada um é bagunçado do seu jeito.

@brunna_tpm disse...

Amor é encontrar alguém que dê conta junto dessa desorganização que é ser mulher nesse corpo de mulher, não precisando se fazer de toda o tempo todo. Deixando a existência alguns segundos mais suave. E assim é ler você, Alícia!! Um beijo, bem grande.

Homem disse...

Olá,
Adorei os trocadilhos, e uma observação ou tradução ou seja lá o que for dessa prosa gostosa: sabe quando voce escuta que pra toda panela tem uma tampa? acredite, não faz bem a saúde deixar essa QUASE utopia desaparecer.

Homem de 2indices

Ayanne Sobral disse...

"É preciso ter um caos dentro de si para dar a luz à uma estrela brilhante" .

Olha eu, o clichê ambulante, citando o Nietzsche. É que a tua bagunça de ser gente ilumina tanta coisa por aqui, menina. Você brilha. Sempre.

Você e essas tuas palavras gostosas, boêmias, transloucadas, doidas, verdadeiras, que mais me parecem um cálice de vinho, com alguns livros desarrumados na estante enquanto se ouve uma boa música.

Tim-tim.

alessandrochas disse...

"Tô brega hoje. Sinto que vou escrever um texto super clichê. Estou advertindo-o desde já, leitor. Eu não me leria, especialmente hoje. Se és tão ruim, Alicia, por que insiste em escrever? Eu pergunta pra mim. (Isso mesmo, é eu pergunta, e não eu pergunto)" hahaha' adorei quando você começou assim... Sempre perco textos escrevendo diretamente no blog, passei a escrever primeiro no word, mas tem dia acordo ousada e me arrisco colocar tudo a perder.
Eu chamo a minha bagunça de "baguncinha organizada" porque eu sempre consigo me encontrar nela. Adoro seus textos querida Alicia. Beijo =*

Ronaldo Fernandes disse...

Me lembrei da canção "Coisas que eu sei" "eu gosto do meu quarto, do meu desarrumado..."

Uma vez deixei que uma mulher mirasse minha bagunça, ela acreditou que poderia jogar a bagunça dela na minha e podia mesmo, mas eu fui egoísta demais, hoje ela está organizada, eu ainda tenho as bagunças, mas estou bem isso, já não abro a porta pra todo mundo, mas os que vêm certamente se encantam.

Me apaixonei pelo texto