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domingo, 23 de setembro de 2012

Me veste com as suas palavras? Me despe com os seus beijos?

Estou rancorosa comigo por não saber guardar rancor de você.
Mentira, tô só pensativa, não sei guardar rancor nem de mim.
Vivo capturando as palavras alheias e tenho mania de enxergar verdades mesmo onde elas não existem. Qualquer que seja a roupa que você me vista, eu acredito que é a minha pele.
Talvez eu não tenha características especificamente minhas, então levo a ferro e fogo as suas palavras.
Isso é muito perigoso. Me jogo inteiramente nas suas mãos e acredito em tudo o que você diz. Por não saber o que sou, me torno exatamente aquilo que você diz que eu sou. Então posso ser qualquer coisa, desde que você queira.
Isso é delicioso. Porque se posso ser, posso des-ser também.
Sou uma pessoa sem corpo, sem personalidade, sem nome e sem desejo. Objetalizo-me para você.
E isso tudo é uma grande mentira, mas é muito mais fácil existir para você do que ser para mim.
Então me empresta aqui a sua existência pra eu sumir um pouco de mim. É pra isso que serve o amor, né.

domingo, 16 de setembro de 2012

Confundindo alhos com bugalhos, mas o amor é meu, caralhos

Isso que chamam por aí de "química", eu chamo de amor.
Na verdade chamo muita coisa de amor e por isso falo tanto disso.
Acho que chamo de amor até mesmo aquilo que não é amor.
Meu ódio por você é amor, meu tesão por você é amor, a química é amor, as coisas que não entendo são amor, é tudo amor.
Então o amor não tem pra mim aquela dimensão mimizenta que vocês conhecem, de príncipe, princesa, felicidade, para sempre e blé.
Mas eu te amo, seu zé mané, e as vezes te amo tanto que fico com eca do amor que tenho por você. É um exagero, bastava eu te amar só um pouquinho e as coisas fluiriam muito melhor. Mas nãããão, sou exagerada, dramática e chata então te amo um tanto absurdo que é só pra azucrinar a sua vida.
Esse texto não tá nada poético, mas é que o meu amor nem sempre é poético, as vezes ele é bem arroz com feijão mesmo, e eu gosto que seja assim.
Então é isso, eu moro no exagero, mas prometo não te comer de verdade (que nem eu sempre quero sentir você no meu estômago) e prometo não sugar a sua alma, tá?

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

se te odeio, então...nhac!

Eu odeio a forma como você joga palavras ao vento e elas parecem não voltar pra você. As palavras não desgrudam de mim, independente de eu as dizer ou apenas pensar. Mas palavras são bumerangues que não voltam pra você.
Odeio como você diz meia frase e espera que eu entenda todo o google a partir dela. (Atenção que eu ia dizer "toda a barsa", mas estamos em 2012, né)
Tenho muito ódio, mas muito ódio, mas muito ódio mesmo, da sua economia de palavras.
Não, eu não pretendo ler mentes. Não, eu não entendo os seus olhares. Não, eu não sei o que é óbvio pra você. Não, eu não sou idiota, é você quem não se traduz para mim.
Odeio a sua impaciência com as pequenezas do mundo, inclusive as minhas.
Eu odeio tanta coisa em você, que hoje, quando você saiu de casa, eu queria te beijar. E queria então que você me tomasse nos braços como se não soubesse quem sou, como se nunca tivesse se irritado comigo e me fizesse sentir que eu sou menos eu. E queria que os relógios parassem lá fora e que a gente pudesse ficar o dia todo juntos, ignorando a quarta-feira, a correria, os trabalhos e as irritações cotidianas.
E quando você me veio dar um beijo de tchau, eu quis entrar em combustão espontânea. Como eu amo e odeio que você esteja sempre sóbrio. E eu quis te morder, arrancando um pedaço dos seus lábios, manchando de sangue a sua camisa linda e roubando o seu lindo equilíbrio. Como eu queria não ser tão sóbria. Aí você virou as costas, eu te dei um chute na bunda, você saiu e eu fiquei com dor de cabeça. Porque sozinha que eu não ia ficar...

domingo, 9 de setembro de 2012

Deixa eu te matar só um pouquinho?




Oscilo entre querer entrar no seu corpo e desejar a sua morte.
Querer entrar no seu corpo, sim, porque parece que na sua pele tudo é mais gostoso. Você come aquele rolinho primavera com molho agridoce com tanta vontade, que eu, que odeio aquele treco, não canso de experimentar, porque na sua língua aquilo parece tão bom....aliás, tudo o que você come parece delicioso, não foi à toa que aprendi a gostar de tantas coisas que antes eu enchia a boca pra dizer que não gostava, com você. Seu sono parece sempre mais gostoso que o meu, eu chego a descansar enquanto te olho dormir, inspirar e expirar, inspirar e expirar...como se fosse minha responsabilidade cuidar do seu sono e garantir que tenha um bom descanso em vida.
Desejar a sua morte, sim, porque acho que só se você morresse pra eu me ver livre do amor que tenho por você. Não se assuste, bebê, você sabe que eu jamais te mataria, sabe que isso aqui tudo é metafórico (NÃO SABE? Pergunto eu, te arregalando os olhos com um sorriso esquisito só pra brincar de te assustar) Enfim. Tenho uma vontadezinha de te roubar a vida, de saber se eu poderia sobreviver sem você, de comer um pedacinho da sua carne, ver se o seu sangue me entorpeceria, saber se a sua pele deixaria a minha mais macia. Nham.
E na verdade tudo isso é mentira, ao mesmo tempo em que é verdade. Eu sei que eu sobreviveria sem você, e sei que se eu tirasse sangue seu jamais me perdoaria. Sei disso tudo, mas é tão bom querer...me deixa enlouquecer aqui, quietinha, com o amor que tenho por ti. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

dividindo o meu corpo

Eu achei que o amor ia passar, que depois de um tempo seria insensível a você. E olha, vamos deixar a hipocrisia e o amor idealizado de lado, e admitir que muitas vezes, sou sim. Por vezes te olho e você não me diz nada, é só uma pessoa nesse mundo. Não te amo o tempo todo. De vez em quando, acontece ainda de eu te odiar....em silêncio, porque procuro te poupar da minha gangorra existencial. Aliás, muitas vezes eu te amo como nunca nenhuma mulher aguentou amar nesse mundo, e você nem tem notícias disso. Me arrebento de amor e de ódio por você, e você nem sabe. É que eu sei que se você me conhecesse mesmo, eu te seria insuportável. Forjo um certo equilíbrio nas minhas palavras, e eu sei que muitas vezes você acredita. Forjo tão bem, que por vezes eu mesma acredito. Teve um dia dessa semana que eu me peguei insone. Não podia dormir porque o toque da sua pele na minha, berrava nos meus ouvidos, de um jeito irritante. Não sou dona de mim, é verdade, mas quando você me toca, eu desisto de me ser. E depois de meia década juntos você ainda tira o meu sono. Você tem noção do quão ridículo é isso? Me sinto encabulada de escrever isso, mas o faço porque me reconheço no seu olhar que, ao me ler, balança a cabeça, me chama de louca e diz que não entende. (Embora eu nunca veja você me lendo) Que bom que você não me entende, eu não suportaria dividir a minha vida e o meu corpo com alguém que me entendesse. É, amar é dividir o corpo com alguém. Mas isso só vale se você for mulher. Porque o homem que ama aceita ter meio corpo a mais, mas não meio corpo a menos. Homens são donos de si, mulheres estão sempre em busca de alguém que as faça sentir que são donas de si. E por isso não são, pois precisam que alguém lhes diga isso. E que diga sem palavras. O amor de um homem diz sem palavras. Adoro escrever de um jeito ininteligível aqui, e saber que as pessoas que me leem irão me entender, ou ao menos pensar que me entenderam. Enfim, meu amor por ti já passou e todos os dias sou visitada por um novo amor. As variações do amor se mostram pra mim todos os dias, e parecem ser infinitas. Cada "te amo" fala de um amor que é único. Eu nunca repeti um "te amo". Sabe o "te amo" que eu te disse da última vez? Não existe mais.