Escrevo porque amo. E toda vez que venho aqui ao blog, é pra dizer alguma coisa do meu amor. Acho que vocês que aqui me acompanham, bem sabem que o amor do qual eu falo é uma coisa que eu nem sei o que é, mas que sei que é meu. Porque eu não tenho nada nessa vida: nem corpo, nem casa, nem planos - mas tenho o meu amor. Não é que eu não tenha alguns objetivos traçados na vida, é claro que os tenho, mas eles são todos em nome desse tal amor. Quero um dia publicar um livro, sonho em ser lida por muitas pessoas, e amada pelo que escrevo. (Eca, que me lembrei agora de Caio Fernando Abreu que escreveu mais ou menos isso – digo eca porque acho que Caio Fernando era na verdade um mimizento, apenas. E talvez-muito-provavelmente eu também seja)
Enfim, mas mesmo se um dia eu não publicar um livro ou não for famosa, ainda assim continuarei escrevendo. Escrevo porque amo. Quero um dia, escrever pra ser amada. E é claro que não era disso que pensei eu escrever quando digitei a primeira letra. Mas eis que esse tal de amor, quanto mais eu o delineio, coloro, contorno, esfumeio, mais ele me escapa. Já pensei que o amor fosse físico, já pensei que fosse outro nome pra alma, já pensei que ele fosse mentira – e continuo pensando que o amor é todas essas coisas. Quanto mais coisas penso sobre o amor, maior fica o meu pacote de possibilidades. Temo enlouquecer um dia. Não sei se por amar, não sei se por querer saber do amor. Sei que o amor é pra ser sentido e não sabido, e blábláblá. Sim, blábláblá, porque saber disso não muda porcaria nenhuma das minhas ânsias e desesperos em relação a essa coisa que eu venho chamando de amor. Porque...caros leitores, eu duvido até mesmo desse nome, a-m-o-r. Estou perdendo os saberes que já tive outrora, e é por isso que temo a loucura. Aliás, loucura, pra mim, é outro nome pra amor. É quando você tira os pés do chão e se deixa voar. Mas voar é coisa que não acredito ser controlada. Amar, assim como voar, assim como enlouquecer, é perder o controle.
Então tudo o que eu digo, tudo o que eu faço, tudo o que eu falo, me parece ser em nome do amor. Mas isso é coisa demais pra ser amor, acho que o amor não deve ser uma coisa assim tão grande. Talvez o amor seja só o resto disso tudo. Quando você elimina todas as coisas da sua vida, talvez sobre o amor. Mas essa seria uma operação de subtração, e eu só sei adicionar. Você diz “acho que o amor é isso”, e eu concordo. Ele diz “acho que o amor é aquilo”, e eu concordo também. E se alguém me disser que é o contrário, continuo concordando. Não sei excluir as coisas. Penso agora que isso não é só com o amor, mas me parece que é com tudo na minha vida. Nada nessa vida me parece errado, lá no fundo. É claro que eu tenho a minha consciência, alguma ética, um superego rígido que me carrega de valores morais (e mortais) e me faz encher a boca pra falar mal do mundo, da sociedade, do capitalismo, da rede globo, dos homens, das mulheres, do bbb e de quem quer que for, na mesa de bar, na faculdade, ou até mesmo em casa. Mas no âmago da coisa (se é que eu sei o que que é isso), eu concordo com tudo. Às vezes penso que sou indiferente ao mundo. Sou relativa demais. E relativizo também o amor.
Estou me superando. Antes achava, enquanto escrevia, que meus leitores me entenderiam ("meus" leitores? Que vocabulário é esse, Alicia?) e que apenas meu amante me acharia louca. Agora já penso que todos devem me achar maluca. Eu estou me achando maluca. Sei que sou. Mas finjo o equilíbrio como ninguém, sou uma lady. (Péssima metáfora, em tempos de Lady Gaga)
Obs: Posso fazer um comentário ainda mais maluco? Claro que posso, porque o blog é meu. É que todos os parágrafos começam com a letra “e”. Nossa, Alicia, mas que relevante isso. Amém.)