Páginas

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Enlouquecendo



Escrevo porque amo. E toda vez que venho aqui ao blog, é pra dizer alguma coisa do meu amor. Acho que vocês que aqui me acompanham, bem sabem que o amor do qual eu falo é uma coisa que eu nem sei o que é, mas que sei que é meu. Porque eu não tenho nada nessa vida: nem corpo, nem casa, nem planos - mas tenho o meu amor. Não é que eu não tenha alguns objetivos traçados na vida, é claro que os tenho, mas eles são todos em nome desse tal  amor. Quero um dia publicar um livro, sonho em ser lida por muitas pessoas, e amada pelo que escrevo. (Eca, que me lembrei agora de Caio Fernando Abreu que escreveu mais ou menos isso – digo eca porque acho que Caio Fernando era na verdade um mimizento, apenas. E talvez-muito-provavelmente eu também seja)

Enfim, mas mesmo se um dia eu não publicar um livro ou não for famosa, ainda assim continuarei escrevendo. Escrevo porque amo. Quero um dia, escrever pra ser amada. E é claro que não era disso que pensei eu escrever quando digitei a primeira letra. Mas eis que esse tal de amor, quanto mais eu o delineio, coloro, contorno, esfumeio, mais ele me escapa. Já pensei que o amor fosse físico, já pensei que fosse outro nome pra alma, já pensei que ele fosse mentira – e continuo pensando que o amor é  todas essas coisas. Quanto mais coisas penso sobre o amor, maior fica o meu pacote de possibilidades. Temo enlouquecer um dia. Não sei se por amar, não sei se por querer saber do amor. Sei que o amor é pra ser sentido e não sabido, e blábláblá. Sim, blábláblá, porque saber disso não muda porcaria nenhuma das minhas ânsias e desesperos em relação a essa coisa que eu venho chamando de amor. Porque...caros leitores, eu duvido até mesmo desse nome, a-m-o-r. Estou perdendo os saberes que já tive outrora, e é por isso que temo a loucura. Aliás, loucura, pra mim, é outro nome pra amor. É quando você tira os pés do chão e se deixa voar. Mas voar é coisa que não acredito ser controlada. Amar, assim como voar, assim como enlouquecer, é perder o controle.

Então tudo o que eu digo, tudo o que eu faço, tudo o que eu falo, me parece ser em nome do amor. Mas isso é coisa demais pra ser amor, acho que o amor não deve ser uma coisa assim tão grande. Talvez o amor seja só o resto disso tudo. Quando você elimina todas as coisas da sua vida, talvez sobre o amor. Mas essa seria uma operação de subtração, e eu só sei adicionar. Você diz “acho que o amor é isso”, e eu concordo. Ele diz “acho que o amor é aquilo”, e eu concordo também. E se alguém me disser que é o contrário, continuo concordando. Não sei excluir as coisas. Penso agora que isso não é só com o amor, mas me parece que é com tudo na minha vida. Nada nessa vida me parece errado, lá no fundo. É claro que eu tenho a minha consciência, alguma ética, um superego rígido que me carrega de valores morais (e mortais) e me faz encher a boca pra falar mal do mundo, da sociedade, do capitalismo, da rede globo, dos homens, das mulheres, do bbb e de quem quer que for, na mesa de bar, na faculdade, ou até mesmo em casa. Mas no âmago da coisa (se é que eu sei o que que é isso), eu concordo com tudo. Às vezes penso que sou indiferente ao mundo. Sou relativa demais. E relativizo também o amor.

Estou me superando. Antes achava, enquanto escrevia, que meus leitores me entenderiam ("meus" leitores? Que vocabulário é esse, Alicia?) e que apenas meu amante me acharia louca. Agora já penso que todos devem me achar maluca. Eu estou me achando maluca. Sei que sou. Mas finjo o equilíbrio como ninguém, sou uma lady. (Péssima metáfora, em tempos de Lady Gaga)

Obs: Posso fazer um comentário ainda mais maluco? Claro que posso, porque o blog é meu. É que todos os parágrafos começam com a letra “e”. Nossa, Alicia, mas que relevante isso. Amém.)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Sono em palavras



Entorpeço-me de sono.
Amo-te.
Meu amor não tem dono.

Não quero fazer rimas.
Musico.
O que é brega me fascina.

Nada acontece.
Respiro.
Você não me aquece.

Eu, gelada.
Paraliso.
Só sei fazer nada.

Poema de merda.
Non-sense.
Minh'alma está lerda.

Vou ser honesta.
Isso não é poesia, é sono.
Tenho que aparar minha aresta.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

E no meio do caminho tinha a porra de um amor



Às vezes acho que eu não queria que você me amasse. Ao menos, parte de mim, deseja isso um momento ou outro. Vocês sabem, leitores, o amor é um negócio que a gente conquista e depois se torna a nossa honra mantê-lo. Se alguém deixa de nos amar, dizemos que a gente perdeu o amor de alguém. Looser. Não soube manter a chama do amor aceso e blábláblá. Eu nem sei se você me ama sempre. Sei que você tem muito carinho por mim, sei que me respeita. Mas acho que nem eu te amo sempre. Quer dizer, eu te amo sempre, mas o meu amor é uma mistura de várias coisas e então às vezes eu te odeio e te amo ao mesmo tempo, às vezes eu quero que você suma da minha frente, mas teria que ser só por um centésimo de segundo, porque o meu desejo realizado me mataria de dor no instante seguinte. Então, o meu amor é uma mistura de várias coisas. Mas eu mesma sou sempre bagunçada, sempre misturada, sempre impura de algum modo. Já você, tão objetivo, tão (insira aqui um eufemismo pra neurótico obsessivo)... Suas coisas são arrumadas, seus sentimentos parecem óbvios, suas atitudes são claras, seu planejamento de vida é organizado, assim como a disposição das suas roupas no seu lado do guarda-roupa. Tá aí. O nosso guarda-roupa é uma ótima metáfora nossa. O mesmo guarda-roupa, dividido em uma parte organizadíssima e a outra bagunçadíssima. O seu lado, tão vazio, mas tem tudo o que você precisa. O meu lado tão cheio, e no entanto, nada do que tem lá me serve. Quero sempre mais. Você, entediado por ter tudo o que quer, e eu me descabelando com meus excessos de quereres e não-saberes. Enfim, como sempre, me rendi às palavras e me perdi no que eu queria dizer. (Essa é a metáfora da minha vida, aliás) Mas então, acho que às vezes eu queria que você não me amasse, que era pra gente poder começar tudo de novo. Exatamente do jeito que foi, ou de diferentes formas. Queria te conquistar sem perder o teu amor. Minto, estou sendo hipócrita! Eu queria que você não me amasse pra ficar sem a responsabilidade que meu superego delega a mim de fazer com que você me ame o tempo todo. Queria o seu desejo cru, queria o seu corpo e o meu corpo, sem os contornos dos sentimentos. Porque acho que 1+1 só fazem 2, ao invés de 1, por culpa do amor. É, acho que o amor (me) atrapalha.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Uma puta, outra santa


Profissional do sexo. Puta. Vagabunda. Prostituta. Pelo menos eu recebo pra isso, benhê, e você que fica chupando de graça? Dizia para a amiga, enquanto tomavam um café colonial bancado pelo dinheiro que o sexo lhes trazia. Eram amigas de infância. Estudaram em colégio particular, fizeram aula de jazz, inglês e piano. Tudo juntas, durante anos.


(...)




O texto completo tá lá no 4 pecados.