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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A tristeza, a beleza, o capitalismo e hoje


A sua presença harmoniza a minha vida. Às vezes paro pra pensar no quanto você me faz sentir bem comigo mesma e não posso acreditar. Estudei em colégio católico e passei um bom tanto da minha vida rezando. Sempre pedi a Deus – mesmo sem pedir – um cara cheio de características legais, dessas bem clichês mesmo, que nem vale a pena citar aqui, de tão óbvias que são. E hoje quando eu me dou conta de que estou com você, parece tão diferente do que eu previ... E eu sequer consigo explicar o porquê de ser diferente. Mas ao seu lado, eu sinto que posso fazer o que eu quiser. Posso mudar de profissão, posso ter os amigos que eu quiser, posso te amar de mil modos diferentes, posso voar. É estranho, porque o que eu estou dizendo não é exatamente assim, mas sem deixar de ser. Não, amore, eu não espero que você me entenda. Você se esforça pra isso, eu sei, mas eu nem quero que você me entenda. Aliás, deus que me livre de ser compreendida por você. Tudo bem que você me ache louca, eu concordo um pouquinho com isso. Tanto é que nem é só pra você que escrevo. Se fosse isso, te mandava uma carta, um e-mail... Escrevo porque não sei. De algum modo gosto de ser lida, de algum modo gosto que as pessoas me leiam e se encontrem em mim. É confortante pra mim porque vejo que sou muitas em uma só, que cada pedacinho de mim, é mais alguém por aí. E aí sinto que essa minha loucura tem razão de ser. Sou um harém de almas em um só corpo. Escrevo porque acordei triste hoje, sem saber muito bem o motivo. Agora que falo disso, vejo que é uma tristeza doce. Não sei se a priori é doçura em excesso, ou se acabo de adoçar com palavras a minha tristeza. Nem sei se é tristeza. Aliás, sei sim, é tristeza. Sei porque meu peito se amortece levemente, e essa sensação se espalha de um jeito esquisito pelo meu abdômen. E aí o meu corpo todo se entrega, a isso chamo de preguiça, mas é tristeza. E talvez não haja motivos para eu estar triste hoje, além do simples fato de que estou triste hoje. Não é preciso estar feliz todos os dias (chupa, capitalismo! - digo isso porque sou adepta da ideia de que o capitalismo exige que sejamos felizes o tempo todo, nos deprimindo com essa ideia de felicidade plena, sem que saibamos). E eu me dou ao direito de ser infeliz de vez em quando. De me recolher ao meu mundo interior, tocá-lo, estranhá-lo e amá-lo. O amor nem sempre é alegre. O amor é também uma tristeza doce. Talvez haja um “q” de tristeza, justamente porque é belo. E eu acho a beleza triste. A verdadeira beleza é triste.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

Guarda a minha escrita



Você adormece e tudo o que eu quero é entrar nos seus sonhos.
Mas minha energia se conduz pra escrever. Escrever várias e diferentes coisas.
É o efeito do vinho, ou talvez a carência de efeitos dele.
Eu gosto disso, sabe?
Sei que às vezes você fica de saco cheio dessa nossa rotina, sei que às vezes eu reclamo muito, e você sempre faz de tudo pra que as coisas fiquem mais leves pra mim...
Mas eu gosto disso.
Você dorme. Ronca, na verdade.
Mas guarda a minha escrita.
Sou eu quem deveria guardar o seu sono. Talvez eu o faça. Mas estou mulherzinha demais pra reconhecer isso agora.
Mas você guarda a minha escrita. Dormindo ou acordado, você faz isso.
Dormindo, porque sei que posso te acordar a qualquer momento, e você rapidamente me salva de qualquer monstro que possa vir a me atormentar.
Acordado, porque eu só posso escrever nesse intervalo que há entre mim e você.
Te quero colado em mim, e se dependesse apenas de mim, eu te engoliria e seríamos um corpo só, sim.
Mas graças a deus que você tem bom-senso (ou tem medo de mim, que diferença faz?) e não permite que sejamos um corpo só. Porque assim podemos brincar de colar e descolar, e porque assim, eu consigo inventar.
Porque eu só amo aquilo que eu invento.
Então eu nem sei se você existe...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Estrela



A menina, desolada, olhou pra cima, pedindo uma resposta de deus.
Caiu uma estrela.
Que coisa linda, sinal divino! Ela pensou.
E a ponta da estrela lhe furou o olho.
E a menina ficou cega.
Porque, coitada, não sabia que o brilho das estrelas é pura enganação.
Estrela é coisa morta, sua luz é apenas resto de vida, menina boba.
Mas também, que se dane. Porque os olhos nos enganam tanto... a menina ficou esperta e pensou isso.
E ao ficar cega, enxergou.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pensar é se defender da vida



Eu te quero e não sei por que isso acontece. Já quis saber, já vasculhei minhas células em busca de uma resposta, já entrei na tua alma buscando um sentido. Quase achei o motivo, olha só que perigo isso. Acho que a gente só pode amar porque não sabe. E eu quase enforco meu amor por você nessa busca desenfreada. Por sorte ou porque eu não quis mesmo, não achei o porquê do meu amor. Agora desisti de querer saber. Ou assumi que não quero saber. Não me interessa racionalizar, não interessa me defender. Pensar é se defender da vida. E eu mandei todas as minhas defesas pro beleléu. (Eu ia dizer que mandei todas as minhas defesas se foderem, mas daí pensei que tenho falado muitos palavrões. Uma vez eu nunca falava palavrão, agora até os escrevo. Nem sei por que estou falando disso. Na verdade sei, é porque eu fico mudando o tempo todo, e acho que nessa, a minha forma de te amar também muda. E eu acho que isso é bom) Agora estou eu aqui, nua diante de você. Despida das minhas racionalizações, pura de desejos, verdadeira como nunca – exceto pelo fato de que finjo a coragem, quando morro de medo. Tsc. Não é isso. Eu sou mesmo uma mentirosa! Porque não finjo porra nenhuma. Eu estou toda corajosa e estou toda medrosa. (Não-toda) E ao mesmo tempo....Porque ser mulher é mais ou menos isso. Ser uma coisa e o contrário da coisa ao mesmo tempo. Ai, como isso é bom.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ai, Ai


Menina brava, discutia em casa com mãe, pai, cachorro e abajur. Proclamou sua independência com mochila nas costas. Achava-se cheia de ideias marxistas, perdia-se na Mac, de maquiagem a Iphone. Tal como Eva, iniciou-se no pecado com uma maçã. (Pausa, pelamordedeus... gente, fomos expulsos do paraíso porque Eva comeu uma maçã. Imagina se fosse uma nhá benta?)