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domingo, 8 de setembro de 2013

Eca.

Eu, que sempre fui começo, hoje só sei ser fim. Os finais não param de me acontecer.
O mundo tem tons de morte e a minha existência está cinza.
O que me assusta é que essa morte anunciada diz de mim muito mais do que todas as vidas que já vivi.
Eu, que sempre pensei que fosse feita de começos, descobri que é de finais que me construo.
Eu, que sempre pensei ser amor, hoje me sei puro desamor.
Forjo acreditar num mundo cor-de-rosa porque a minha vida incolor só é visível pra mim. 
Sei que esse drama é nauseante, mas saibam que o é pra mim também.
Pior do que ler dramas alheios é viver dramas alheios na própria pele. 
Os meus exageros me dão náuseas. Que vocês me leiam me dá náuseas. 
Eu vomitaria essas palavras, se eu pudesse. A verdade é que só não faço isso porque tenho nojo. Escrever me parece mais higiênico do que vomitar. (Embora não seja - vomitar é muito mais digno).  
Escrever é passar lustra-móveis no próprio vômito. 
Escrever é forjar uma elegância com o que há de mais podre em mim.
Sou boa em forjar, não para os outros, para mim. Ninguém me engana tão bem quanto eu mesma.
Sou ótima bebedora de vinho como pessoa que escreve.