Desde a primeira fincada eu senti que não era normal. Não era sexo. Muito menos essa balela de amor. Era além descrição.
Minha boca molhada desejava a dele, humildemente, mas ele recusava. Deixava-me tonteada e sem sentido enquanto negava... Eu só queria um beijo, só queria arrancar um pedaço daqueles lábios, só queria sentir o gosto de sangue-chocolate que ele tinha... Mas o seu falso poder não me deixava saborear o corpo caprichado.
Sentia suas costas suadas, arrepiadas, quem sabe de tesão. Isso indicava que aquela seria a primeira - ou última - vez que ele fosse comer alguém. E por sorte ou infortúnio eu era escolhida para ser comida e desejada e fodida e amada e beijada por aquele homem.
Estou transando. Estou fodendo. Estou amando. Estou morrendo.
Quantos deuses são necessários para descrever o tesão que sinto quando o seu corpo inteiro toca o meu? Quantas almas morreram para me dar o sentido que sinto quando ele suavemente passeia com sua língua nos meus seios?
E ele me chupa. Cada pedaço do meu corpo parece ser gota d´agua num deserto putanhesco, onde só o desejo impera e domina. Sou sua escrava numa posição e noutra sou sua dona. Ele me chupa e eu imagino...
Numa ultima dose de sofreguidão imaginária, ele mexe os quadris, quando dentro de mim. Rebolava e ao mesmo tempo murmurava palavras que me destruíam... Cada mexida sua, era um orgasmo dançante ao som de ninfas.
Ele gozou, e eu pensava que sentia. Sentia a quentura doce e abençoada que vinha daquele ato de amor... Sentia os últimos vais e vens, como se a cada vai eu fosse violada sem futuro e a cada vem eu fosse amada incondicionalmente...
Neste final sobrou o silencio. Um silêncio doído e necessário que só os amantes sabem a necessidade. Ele não me ama, nem eu amo ele. Tanto amor em mim, e em você nada.
Ele sai de mim, deixando somente seu gosto amargo nas minhas gotas de suor - que só eu sinto. Eu relaxo e rezo. Rezo pelo desejo e pelo tesão de menina que ficou. Choro pelas lagrimas de prazer que quiçá ainda vão vir.
Sobrou somente uma realidade: Te acho tão amável, tão sexy, tão quente... mas a sua existência resume-se apenas a alguns reais trocados por um pedaço de borracha fria, comprada num sexshop qualquer. E, nem de perto você me dá o amor que necessito nesse mundo...