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terça-feira, 29 de março de 2011

O amor sangra




Fale com ela. É o nome deste blog. Inspirado em Almodóvar, visto que o seu filme, do mesmo nome, me desencadeou uma crise existencial feminina, que foi brava. E, trabalhando as questões desencadeadas em tal crise, tive então a necessidade de fazer este blog. É, eu precisei, quase que fisicamente fazê-lo, para poder falar de mim. Balela! Pra poder falar de mim, sim; mas principalmente para poder ler. Isto é, para que vocês me leiam e comentem.

Falem comigo. Comigo, que sou ela. Porque o mundo é masculino. É, sim. Feministas, surtem. Não me venham dizer que o mundo é das mulheres e blábláblá. Tudo o que as mulheres, especialmente as feministas correm atrás, é coisa "de homem" (Gente, tem aspas aqui, viu.) Trabalhar, estudar, ter a possibilidade de não ter filhos, fazer política, etc.

Nós, mulheres, passamos 1/4 da nossa "vida útil" (atenção para aspas, novamente) , sangrando, e quase ninguém fala disso. Tudo o que é feito em prol da mulher é achar técnicas e desenvolver tecnologias para ignorar isso. Tratamentos para não menstruar, absorvente para que mulheres (e homens!) não percebam quando a mulher está sangrando.

Oras, o mundo é masculino. E isso me angustia, obviamente. Porque tento fazer coisa de homem e isso me custa caro. Isto é, trabalho, estudo, decido não ter filhos (ao menos por enquanto), compro absorventes modernos e vezenquando emendo duas cartelas de anticoncepcional para me presentear com um mês sem sangue. Quase-que-um-mês-de-homem. Mas acontece que se o sangue fosse apenas aquele literal, a coisa até que era fácil. Só que, como dizem, "o buraco é mais embaixo".

Ser mulher é sangrar (eu já disse pra metaforizarem, porque me refiro a mulheres e homens como adjetivos, e não como gênero). Porque ser mulher é amar. E que me desculpem aqueles que acham que são românticos bonitinhos e cheirosos o tempo todo, mas o amor sangra. As pessoas sempre relacionam o amor com o coração....por que acham? Oras, o coração é o órgão que bombeia sangue para todo o corpo.

Amor-coração-sangue-mulher.

Disse Colette Soler, psicanalista francesa, que o amor é feminino. Pois é.



Imagem da deviantart

domingo, 27 de março de 2011

Dizer sem palavras, dói




Minha cabeça dói. Tomo tantos comprimidos quanto uma criança come confetis.
Não sei pra que tanta dor. (Se soubesse provavelmente não a sentiria.)
O fato é que a minha dor está dizendo de mim. Dizendo sem palavras. Dizer sem palavras é uma coisa mesmo doída.

Queria eu emprestar palavras pra minha dor de cabeça. Pra ela me falar de um jeito inteligível e indolor.

Céus! Pra que tanta dor assim? Porque não caibo em mim. Porque a minha alma tenta fugir do meu corpo, que não deixa. Ele a amarra aqui, com esta dor. Então é isso: dor de cabeça é a alma tentando fugir do corpo. Dor de cabeça é a coleira com a qual o corpo, egoísta, segura a alma consigo.

Ah, como eu queria fugir daqui! Como eu queria férias de mim. Como eu queria dar uma escapadinha do meu corpo. Eu voltava, depois. Sou boa moça, tenho palavra. Mas agora palavra é o que me falta. Eu só queria respirar em outro corpo. Eu só queria dançar com outros braços, andar com outras pernas. Amar com outro coração, pensar com outras palavras.

Porque palavras, assim como o corpo, me prendem e me libertam. Palavras me acorrentam, sim. Porque só posso dizer as palavras que já existem, para me comunicar com o outro e comigo. Porque o que quero dizer, nunca é bem o que eu digo, e por isso preciso falar e escrever tanto.

Palavras me libertam, sim. Porque quando eu as domino, a cabeça não lateja. Porque se escrevo e falo, é pra tentar me libertar uma existência indefinida. Porque é o único instrumento que tenho.

O corpo me liberta porque me permite ir, vir e sentir. Porque me dá células para existir. Me dá cérebro para refletir.

Mas também, o corpo me prende. Dormindo, acordada. Sonhando, na realidade. Tenho que me virar com o mesmo corpo durante toda uma vida. Não posso ir e deixá-lo, ou ficar e levá-lo. Tenho que passar todo o tempo da minha vida tentando encaixar minha alma no meu corpo. As vezes consigo, e sou feliz. As vezes isso me exige tanto esforço, que a enxaqueca aparece. Nem corpo, nem alma me obedecem. A enxaqueca me toma. Eu tomo o comprimido. Minha existência me comprime. Me entristece, não me deprime.

sexta-feira, 25 de março de 2011

O relógio do tempo






O mundo gira
E isso não é novidade
A humanidade delira
A isso chamam de realidade


Ei, o que estão fazendo?
Ei, para onde vão?
Sabem que estão morrendo?
Ou andam pra lá e pra cá, em vão?


Doando seu tempo para grandes empresas
Ganhando algum sustento
Querendo mesmo, é virar a mesa
Mas lhes faltando algum talento


O relógio não espera
A vida não deixa de correr
Só temos esta vida: não foi feliz, já era
Acorda, não há tempo a perder!


quarta-feira, 23 de março de 2011

Viúva




Sou uma jovem viúva. Quando pequenina, casei-me. Dizem que hoje em dia isso já não acontece mais; não sei, mas na minha infância isso acontecia o tempo todo. Pois foi aí que casei muito jovem com um moço. O tal moço parecia extremamente saudável, tinha olhos que fingiam brilhar, quando na verdade, me hipnotizavam.

Daí que esse moço me enganou. Parecia saudável, mas rapidamente descobrimos-o gravemente doente. Após um período longo de convalescença, tratamentos paliativos, doença em estado terminal, aparelhos respiratórios, tudo pra prolongar uma vida enferma que não acabava...eu decidi assassiná-lo. Sim, sou uma viúva-homicida, eu confesso.

Mas como nada na vida é simples assim, o que acontece é que o falecido adora ressucitar. E eu, descobri que tenho um lado perverso, que adora matá-lo. E então eu vivo disso: de assassinar o falecido.

É delicioso acabar com ele. Sinto-me inteligente, revigorada, decidida, auto-suficiente. E ganhei de presente do mundo, uma doce ignorância que me permite esquecer algumas coisas, só pra ter o prazer de descobri-las de novo.

É aí que sempre me surpreendo, diante do moço tomando a vida para si de novo. Renasce, aparentemente revigorado, de olhos igualmente hipnotizantes, ataques de riso sedutores. Mas logo cai enfermo novamente. E eu torno a matá-lo. Mato-o todos os dias, mas ele ressucita como ninguém. Pois se eu o mato, é para que ele possa nascer novamente. Porque o meu falecido chama-se amor romântico. Jovem-viúva-homicida. Eis o que eu sou.





segunda-feira, 21 de março de 2011

Teu desejo me salva da minha vida



O meu mundo existe quando sinto os seus lábios, por mim arderem.

E num calafrio, sinto as minhas células, uma a uma se perderem.

É nesse momento que eu mais me sinto segura: quando estou sem chão.

Foge de mim toda a ternura, e ou pura pura pulsão.

Pois eu moro no ar, e veja, nem sou borboleta.

E este ardor nada tem a ver com te amar. O que para mim, é uma faceta.

Diante disso te pergunto: Seus lábios ardem mesmo por mim ou esta sensação é o meu puro reflexo?

E ao encontrar os teus lábios, o meu mundo acaba? Ou esta sensação não tem nexo?

Meus lábios queimam sempre, desejando a aproximação dos teus.

Num arrepio que me deixa doente, ardo em febre, beirando um adeus.

Esta ardência... fisicamente tão pura, mas materialmente tão subjetiva...

Quando se presentifica é como uma lança, que me perfura, e minh’alma ativa.

E é nesse instante, que é eterno, que interpreto estar sendo correspondida.

Minha alma carrega consigo um inferno. Seu desejo me salva da minha vida.

Aí, eu te imploro: esclareça-me, meu amor: você me deseja ou esta é a minha loucura?

Se for desejo, deixe que apareça, por favor. Eu o personifico, não o deixarei ser apenas rasura!




Imagem: Deviantart


quinta-feira, 17 de março de 2011

Pra que serve uma vida?


Vivo
Mas não sei pra que a vida serve
Sonho
Quando deixo que minha alma me leve


Sei lá quem deixou minha alma escapar pra este corpo
Só sei que nesse mundo, só isso é meu
Sei lá quem decide quando estou vivo ou quando estou morto
Mas sinto que nisso, há um dedo seu


E não se trata de questão existencial
Mas simplesmente de me sentir viva
É num silêncio fenomenal
Que seus olhos me dizem: vá em frente, siga.


E isso é o meu mundo
No mais, corpo e alma se viram
Com o teu olhar, é num segundo
Que vida e morte se explicam



Imagem: deviantart

terça-feira, 15 de março de 2011

Poeta



Inspira noites
Expira estrelas
Poeta é aquele que faz pontes
Apropria-se das coisas sem tê-las


Emoldura o vazio
Sustenta o que não tem nome
Agudiza o calafrio
E a angústia, então se move


Desloca-a, daqui vai pra lá
Embeleza-a, mas não a deixa
Porque beleza maior não há
Poeta é aquele que diante da angústia, a beija.



sábado, 12 de março de 2011

Olhar mata




Teu olhar é lança que me atravessa
Teu olhar é carinho que me afaga
Com um movimento de olhos fazes-me jura e promessa
E de amor quase me mata

Você me faz isso tudo e nem sabe
Às vezes penso que és inocente
Fuzila-me com seus olhares
E de amor me deixa doente

Mas que ingenuidade, que nada
Tu és um assassino
Deixou-me mal acostumada
E agora me nega mimo

Num faz-de-conta que não percebe
Convida-me a uma dança falida
Ergue-me, alegra-me, fere-me
Teu olhar faz isso e mais, ainda

Eu insisto, quero mais danças
Eu insisto, tenha cuidado com o seu olhar
Teus olhos verdes me são esperança
Mas os castanhos hão de me matar

sexta-feira, 11 de março de 2011

Eu não sei fazer funcionar...


E o tema, ao menos esta semana, das minhas postagens, e dos meus pensamentos, é a rivalidade entre homem e mulher. Rivalidade, nada. São as diferenças entre os sexos. Pois que fique claro que refiro-me às diferenças entre as pessoas, e não aos gêneros, acima de tudo. Toda vez que digo homem e mulher, metaforizem. Masculino e feminino, e não xy e xx. Toda vez.

Pois eis que dado o dia da mulher, ou o mês das mulheres, como dizem; ou seja lá o quer for, há coisas corriqueiras que me fazem pensar. Fico feliz com meu excesso de pensamentos, mas necessito escrever, e depois sinto vontade de publicá-los, porque sou é leitora, e não escritora, e por isso quero ler -  comentários.

Bem. Mas estou me desviando do assunto. O fato é que homens e mulheres (metaforizem!) são coisas muito diferentes. Sabemos que mulheres são chatas, vide post anterior. Mulheres são muito chatas, na verdade. É claro que algumas  são insuportáveis, mas em pelo menos algum nível de chatice, todas nós nos encaixamos. A gente precisa que o outro olhe, que o outro fale, que o outro falhe! Sim, pois gostamos de apontar os erros alheios. Sério, isso é delicioso. Não é?

Aí acontece que eu nunca sei como as coisas funcionam. Máquinas são incógnitas (muito mais misteriosas do que os x e y como genes sexuais), equações de segundo grau. Computadores são logaritmos. Logaritmos são grego. Grego é presente que a gente não quer ganhar. Coisas que parecem óbvias e idiotas, não me são. Até que alguém me explique. Aí concordo que é óbvio e nunca mais me esqueço. Não estou dizendo que sou/somos (sim, mocinhas, autorizo-me a falar em nome de todas vocês)  burras. Burrice é quando você poderia perceber algo, e não percebe. Estou dizendo: não posso perceber algumas coisas. Sei que isso irrita a alguns, e não desmereço a irritação que causo.

Presto atenção em várias coisas ao mesmo tempo. O que não quer dizer que sou distraída, mas apenas que posso funcionar no modo off. Sei me desligar e continuar indo. Sei que faço isso demasiadamente, mas é só assim que eu suporto a vida. E não é que eu não goste da vida e por isso precise fugir, é que a vida, é, para mim, justamente um certo modo de fuga. É quando não estou, que mais sou. É quando voo que mais existo. É quando vou, que mais fico. É quando menos respiro, que mais viva estou.

Eu sei que isso te irrita. E como eu disse, não tiro o mérito de sua irritação. Mas não fique bravo, não me ame menos por isso, não me deixe chateada. Talvez eu lhe peça demais, mas ao modo Chaves, peço-lhe: tenha paciência comigo. É uma das “chaves” de minha alma. Porque o coração é só mais um pedaço do corpo. E este você já tem.



*imagem: deviantART

quinta-feira, 10 de março de 2011

Menina, mulher. Qual é a diferença?




- Me dá parabéns.
- Por que?
- Porque hoje é dia da mulher.
- Mas você não é uma mulher.
- O que é que eu sou, então?
- Você é uma menininha. Uma menininha chata.
Silêncio
- Parabéns (smack).

Pois é, menina, mulher. Qual é a diferença? Quando se é adolescente, acha-se que a diferença é o corpo, a possibilidade de procriação, a menarca. Aí acontece que aparece o tal do sangue mensal, e... Nada muda. Continua-se sendo uma menininha. Depois pensa-se que se vai ser mulher quando entrar na faculdade, quando sair da faculdade, quando começar a trabalhar, quando mudar de emprego, quando ganhar melhor, quando trabalhar na área, quando puser prótese de silicone, quando começar a análise, quando terminar a análise, quando pintar o cabelo, quando namorar, quando casar, quando separar...ai, posso eternamente citar verbos e exemplos aqui.

Enquanto isso, durante esta busca, se é uma menininha. Chata. Desengonçada. Magrela. Gorda. Errada. Faltante. Falante. Tagarela. Como funciona isso? Como faço aquilo? Que botão devo apertar? Você me ama?
Menininhas enchem os sacos alheios, pedindo-lhes palavras. Pedindo-lhes olhos, ouvidos, corações. Reivindicando seus espaços, seus afetos, suas atenções.

Desengonçadas física e afetivamente, se metem em saltos altos e palavras difíceis, convencem a todos de que são inabaláveis. A quase todos, pois não a si mesmas. Sabem que em qualquer paralelepípedo, podem ter os saltos quebrados. Sabem que a qualquer lombada da vida, têm os seus corações partidos. Sabem que toda dor que há, sentem-nas elevadas ao cubo, no mínimo. Sabem que dois mais dois são quatro, mas fazem virar três, cinco, ou mil. Porque sabem das coisas que são da ordem ilógica, são da lógica da desordem. Amedrontam os homens, apaixonam os homens. E aí, o tal do ser mulher não chega, a graça está na busca, está no caminho que se trilha. Sábio é aquele que sabe disso. Que no fundo, toda mulher é uma menininha chata.

domingo, 6 de março de 2011

É. Carnaval pode ser muito legal. (A rima é banal. E daí?)



Tem vários tipos de "gentes". Gente legal, gente chata, gente inconveniente.

Tem aquelas pessoas que estão sempre felizes, ou parecem estar, ou parecem querer mostrar que estão. São insuportáveis. Odeio quem acorda de bom-humor, odeio quem sorri na segunda-feira. Odeio quem dá bom dia pra deus e o mundo. Odeio quem se contenta com pouco. (E a vida me é pouco). Odeio quem gosta da vida todos os dias.

Tem aquelas pessoas que estão sempre infelizes, e que fazem questão de mostrar isso. Você pergunta se tá tudo bem, e isso é por educação, e elas disparam a contar as misérias de suas vidas. Acreditam na felicidade alheia e por isso se acham dolorosamente injustiçadas por não terem suas gramas tão verdes quanto as dos vizinhos, que as pintam. Gente assim é muito séria e quer te convencer que sofre mais do que você. Não gosto de quem quer me convencer de que sofre mais do que eu. Nem de gente que quer me convencer de que é mais feliz do que eu.

Porque o que eu gosto, é de gente despropositada. De gente que é engraçada sem-querer, é trágica por acaso. De gente que fala como quem não quer nada. De gente que não quer nada. Simplesmente existe, simplesmente está ali, e simplesmente conquista. A gente sabe que simplicidade é coisa que dá um trabalho imenso. Até pra se vestir. Aquelas mulheres cheias de penduricalhos são horríveis. As de tom pastel também. Mas elegância é uma coisa que não se ensina e nem se aprende. Do mesmo jeito que acontece elegância com as roupas, acontece elegância com modos de viver.

Aí chega o carnaval. Gente que tem que mostrar que é feliz, que é bonita, que é mascarada e se diverte "horrores". Ou, então, aí chega o carnaval. Gente que quer mostrar que é inteligente, cult, intelectual e que odeia carnaval.

Pois o que eu odeio, são os extremos. Eu até gosto de carnaval. Odeio pagode, odeio funk, odeio escola de samba e odeio ratos de academia. (uau, estou espantada com a quantidade de coisas que odeio) Mas carnaval é um feriado longo. Dá pra viajar com os amigos, beber, rir, estudar. Adoro ter tempo. É verdade, eu sempre tenho, ou sempre deveria ter. Mas as coisas chatas da vida nos consomem demais. Ou, nós consumimos em excesso as coisas chatas da vida. E carnaval é isso. É tempo. De nada. Simples assim.

Me dá mais uma cerveja.


Imagem: deviantart

quinta-feira, 3 de março de 2011

Real, Imaginário e Simbólico


Eu sou chorona. Isto é, as vezes choro, mesmo não concordando com as minhas lágrimas. O que quer dizer que o meu corpo chora, a minha alma se entristece, mas meu intelectual mantém-se preservado. Não vejo pra que chorar.
Mas acontece que sou três. Mente, corpo, alma. E as-vezes-quase-sempre, nada coincide. Daí sinto angústia, ou escrevo, ou enlouqueço, secretamente.
E as-vezes-raramente, essas “eus”, se encontram. É quando sou feliz. Quando há encontro corpo-alma-mente.
Não gosto da palavra “mente” porque me remete a mentira. Estaria eu, aqui, mentindo? Ou será que é a minha mente que mente pra mim? É. Acontece que eu sou desconfiada. Não com os outros, porque acredito bem fácil. Ou não acredito, mas também não ligo. Mas a desconfiança da qual falo aqui é da desconfiança de mim mesma. Sou paranóica comigo. Mas tudo secretamente e sem fazer barulho, que é para não assustar as pessoas que estão à minha volta.
Falar em volta, volta e meia recebo comentários de incentivo pra mim, que a vida é bonita, que o amor é legal e blábláblá. Gente, é sério. Eu gosto de viver. As coisas que escrevo aqui me angustiam, sim, é verdade. Mas a angústia é coisa da qual me alimento. Preciso dela pra viver, e isso não me parece ser de todo mal.
E é só porque sou tripartida, que escrevo. Ou, é só porque sou tripartida, que escrevemos. Mente, corpo e alma. Todas nós.

terça-feira, 1 de março de 2011

Prisão


Me assusto de repente
Percebo que dormi e acordei
Estou presa em uma mente
E num corpo, que eu nem sei


Por um momento sinto
Tenho dedos nas mãos
É um instante lindo
Tentar fugir é em vão


Porque meu corpo é minha prisão
Dele não posso sair
Me prende, me dá a ilusão
De que a minha alma não pode cair


Mas e se eu despencar?
Talvez eu perca o meu mundo.
E se a minha alma não mais acordar?
Meu corpo estará junto?