Fale com ela. É o nome deste blog. Inspirado em Almodóvar, visto que o seu filme, do mesmo nome, me desencadeou uma crise existencial feminina, que foi brava. E, trabalhando as questões desencadeadas em tal crise, tive então a necessidade de fazer este blog. É, eu precisei, quase que fisicamente fazê-lo, para poder falar de mim. Balela! Pra poder falar de mim, sim; mas principalmente para poder ler. Isto é, para que vocês me leiam e comentem.
Falem comigo. Comigo, que sou ela. Porque o mundo é masculino. É, sim. Feministas, surtem. Não me venham dizer que o mundo é das mulheres e blábláblá. Tudo o que as mulheres, especialmente as feministas correm atrás, é coisa "de homem" (Gente, tem aspas aqui, viu.) Trabalhar, estudar, ter a possibilidade de não ter filhos, fazer política, etc.
Nós, mulheres, passamos 1/4 da nossa "vida útil" (atenção para aspas, novamente) , sangrando, e quase ninguém fala disso. Tudo o que é feito em prol da mulher é achar técnicas e desenvolver tecnologias para ignorar isso. Tratamentos para não menstruar, absorvente para que mulheres (e homens!) não percebam quando a mulher está sangrando.
Oras, o mundo é masculino. E isso me angustia, obviamente. Porque tento fazer coisa de homem e isso me custa caro. Isto é, trabalho, estudo, decido não ter filhos (ao menos por enquanto), compro absorventes modernos e vezenquando emendo duas cartelas de anticoncepcional para me presentear com um mês sem sangue. Quase-que-um-mês-de-homem. Mas acontece que se o sangue fosse apenas aquele literal, a coisa até que era fácil. Só que, como dizem, "o buraco é mais embaixo".
Ser mulher é sangrar (eu já disse pra metaforizarem, porque me refiro a mulheres e homens como adjetivos, e não como gênero). Porque ser mulher é amar. E que me desculpem aqueles que acham que são românticos bonitinhos e cheirosos o tempo todo, mas o amor sangra. As pessoas sempre relacionam o amor com o coração....por que acham? Oras, o coração é o órgão que bombeia sangue para todo o corpo.
Amor-coração-sangue-mulher.
Disse Colette Soler, psicanalista francesa, que o amor é feminino. Pois é.
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